Passado de luta do Rui remonta passe livre e ação contra Collor
Escola ficou conhecida não apenas por excelente ensino mas também por formação de pensadores críticos
Geração após geração, os alunos do tradicional colégio Rui Barbosa não apenas comprovam a excelência do seu ensino como precisam tomar o caminho das ruas para assegurar seus direitos mais básicos, como o de ir e vir. Municipalizada em 1980, durante a primeira gestão de José Bonifácio, a unidade é considerada uma referência na formação do pensamento crítico em Cabo Frio, fator que para muitos representa o motivo pelo qual a escola está sob constante ameaça de fechamento.
No início da década de 90, na administração de Ivo Saldanha, entrou para história a batalha estudantil para a obtenção do passe livre nos ônibus e pela melhoria na qualidade do ensino. Dois anos antes do surgimento dos ‘caras-pintadas’, que ajudaram a derrubar o governo de Fernando Collor, em 1992, os alunos cabofrienses já davam uma aula de cidadania. Hoje com 43 anos, o professor de História do colégio Pedro II de Niterói, Alex Côrtes, era o presidente do grêmio do Rui na ocasião. Indignado com a atual situação, o professor se recorda com satisfação daquela época.
– Ocupamos Câmara e Secretaria de Educação. Havia 10 mil alunos em toda rede e mais da metade se envolvia. A gente fazia arrastões, ia passando de escola em escola e o pessoal descia para participar. Eu tenho um orgulho imenso de ter participado daquilo tudo. Tenho amigos e amigas que estão lutando pelo que é justo. O Rui Barbosa é um patrimônio de Cabo Frio e da sociedade brasileira – inflama-se Côrtes, que observa que o Pedro II, mesmo federal, oferece Ensino Médio de qualidade.
Contemporâneo de Côrtes na escola e no grêmio estudantil, o engenheiro civil Luciano Silveira também participou das conquistas estudantis da época. Com toda a formação profissional feita em instituições públicas como Uerj e UFRJ, Luciano defende o entendimento entre o governo e as escolas por meio do Ministério Público para que o Ensino Médio permaneça no município. Segundo ele, o gasto com o segmento não é significativo a ponto de impedir que a Prefeitura permaneça com ele, além do Ensino Fundamental e da Educação Infantil.
– É todo um conjunto. O Rui é o único que vai fechar, mas o Nilo Batista atende a zona rural com a questão dos técnicos agrícolas. Acabar com Ensino Médio no Marli Capp é tirar a opção de quem mora na região que mais cresce na cidade, que é o segundo distrito. Fechar o Ensino Médio no Elza Bernardo é tirar a opção no grande Jardim e o EJA do Edilson Duarte, para os jovens e adultos. E tirar o Ensino Médio do Arlete Castanho é acabar com uma referência para os deficientes auditivos – lamenta.