Charitas é refúgio ideal para amantes da Cultura em Cabo Frio
Arte pode ser apreciada no coração da cidade
Em meio à correria diária de uma das principais avenidas de Cabo Frio, a construção do século XIX muitas vezes passa despercebida. Contudo, quem entra na Casa Charitas (a pronúncia é “cáritas”), no centro de Cabo Frio, se depara não apenas com um ambiente de grande efervescência cultural, mas também de muita paz e tranquilidade, encravado no coração financeiro da cidade.
Erguida em 1837, a construção que abriga o Museu e a Casa de Cultura José de Dome, é administrada desde o início do ano passado por Sônia Portugal que, a partir de então, empreendeu um processo de revitalização tanto na sua parte estrutural, como na sua programação. Ela garante que a agenda está cheia até meados de 2016.
O trabalho é resultado da abnegação de Sônia, que coordena uma equipe de 16 funcionários. Mesmo com o minguado orçamento da Secretaria de Cultura, foi possível desenvolver um processo de transformação do espaço, encontrado em estado precário, segundo ela. Uma vez que o imóvel é tombado pelos órgãos estadual e municipal de preservação do patrimônio cultural, foram realizadas até o momento somente a pintura e a restauração do teto e do telhado. As goteiras foram extintas e a casa, arrumada. Tudo com a contribuição dos amigos.
– Mudamos tudo. Comparado ao que era, estamos recebendo muitos elogios. A casa mudou muito, pois a assumimos acabada. Era preciso entrar de bote, de tanta água que entrava – conta.
As mudanças deixaram o já charmoso ambiente ainda mais acolhedor. De acordo com a diretora, muitas pessoas, de diversas idades, frequentam o local em busca de sossego para ler um livro ou simplesmente para descansar sentados nos bancos dos seus jardins.
Entretanto, atrações não faltam. Além do Salão Nobre, que abriga mostras mensais de artistas plásticos da região, da capital e até de fora do Estado, há o acervo fixo, que conta com telas, esculturas e fotografias a serem futuramente contabilizadas e catalogadas.
Entre os reverenciados, o fotógrafo Wolney Teixeira, que batiza uma sala repleta de imagens e objetos pessoais do profissional. Já no espaço “Antônio de Gastão”, a cultura popular tradicional é representada por meio de esculturas de animais em madeira e fantoches. No corredor principal, o sergipano José de Dome é saudado com a exposição de sua obra, enquanto os pintores Jean Guillaume e Tiita Machado e o poeta Victorino Carriço possuem espaços em sua homenagem.
Origem – O próprio nome “Charitas”, que em latim significa “caridade” indica a finalidade para a qual a casa foi construída, ainda no Segundo Reinado. Chegou a ser conhecida como “Casa do Roda”, em função de possuir a “Roda dos Expostos”, mecanismo giratórios com uma pequena sineta lateral, no qual os bebês eram deixados de modo a serem adotados por outra família.
A peça, desativada, encontra-se exposta, em bom estado de conservação. Posteriormente foi usado como orfanato; abrigo, nos tempos da Segunda Guerra Mundial; fórum e sede da Secretaria Municipal de Cultura.
Mantendo a secular tradição de beneficência da instituição, a diretora Sônia Portugal disse que trabalhos de artesãos locais de poucos recursos materiais ficam expostos para venda no museu, com lucro integralmente destinado aos artistas.
Programação:
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