Ambulantes usam criatividade para se destacar na multidão
Com crise, vendedores tentam inovar na hora de conquistar a clientela
Quem tenta encontrar alguém da orla da Praia do Forte consegue ver apenas um mar de rostos escondidos sob coloridas sombrinhas. Ao descer pela areia, no entanto, é possível esbarrar com ambulantes que lutam por um espaço de destaque no meio da multidão. E, para isso, vale tudo: roupas extravagantes, acessórios, gritos e até mesmo um radinho de pilha. Vale tudo para chamar a atenção do consumidor nesta alta temporada.
Na manhã de ontem, a reportagem da Folha foi recebida pela música do momento, ‘Deu Onda’, do MC G15, que saía do radinho do vendedor Matheus Ribeiro, 27, conhecido na praia como Pelicano Tattoo.
– É a música que move o mundo, né? Por isso, coloco a música do momento justamente para isso: interagir com o público – explica o tatuador, que foi lacônico ao ser questionado sobre o seu gosto musical.
– Se eu gosto dessa música? Não. Estou usando porque esse é o gosto popular. Apesar de não parecer, sou evangélico. Meu cabelo pintado de loiro, o radinho... Tudo isso é marketing – revela.
Já o vendedor de picolé Elias Araújo, 48, tem preferência por um “som das antigas”.
– Para quem comprei essa caixinha de som? Para mim mesmo. É uma música para ficar mais light, para tirar um pouco do estresse do cotidiano. Geralmente escuto mais uns flashbacks, um som das antigas – comenta.
A estratégia do vendedor de acessórios Lucas Ferreira, 18, é usar roupas extravagantes para chamar os olhares da freguesia.
– As roupas têm dois objetivos: chamar a atenção dos fregueses e me proteger do sol. As vendas não estão lá essas coisas. Agora, com a roupa, os produtos estão saindo um pouco mais. Tudo bem que tem gente que fala que pareço aquele pessoal lá das Arábias, mas não tem problema – brinca o vendedor.
O sol estava radiante na manhã, mas, apesar disso, um pouco mais à frente, a vendedora de sacolé Maria Lurdes Diniz, 38, trabalhava coberta da cabeça aos pés em meio aos banhistas.
– É legal por chamar a atenção e ainda me protejo do calor. Parece que a roupa é quente, mas o tecido é fresquinho. As vendas andam muito boas. Num dia bom, conseguimos uma saída de 200 sacolés – revela.