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Donos de barco de Arraial do Cabo vão entrar na Justiça

Grupo protestou ontem na Marina contra lei aprovada às pressas

8 DEZ 2016 • POR • 07h36

 Os donos de barco de Arraial do Cabo estão em pé de guerra com a Prefeitura e com os ve­readores depois que a Câmara aprovou anteontem a criação do Bilhete Único para cobrança dos passeios marítimos. Como res­posta, as associações que repre­sentam a categoria entrarão no Ministério Público Federal para denunciar o processo de con­cessão, que terá a validade de 25 anos. Os barqueiros alegam que o projeto de lei foi votado às pressas, sem transparência ou audiências públicas com a socie­dade. De quebra, foi aprovada legislação que estabelece novo sistema de cobrança de estacio­namento nas ruas da cidade.

A medida da indignação foi vista na manhã de ontem na Ma­rina dos Pescadores, na Praia dos Anjos, de onde saem os barcos de passeio. Um grupo de aproxima­damente 35 donos de barcos este­ve no local para protestar contra a aprovação da tarifa. Os ânimos se acirraram e alguns mais exal­tados chegaram a insinuar que promoveriam um quebra-quebra, mas não foram registrados inci­dentes. Também houve ameaça de liberar a catraca para entrada de passageiros sem o pagamento da taxa de embarque, o que, no fim, não se concretizou.

– Acontece que hoje o passeio é vendido a R$ 60 e não sabemos quanto ele vai passar a custar, nem quanto vai chegar ao nosso bolso. Não escutaram a gente e colocaram essa lei goela abaixo – critica o diretor da Associação dos Barqueiros Tradicionais da Praia dos Anjos, Ângelo de Ma­cedo Alves, o ‘Shogun’.

Representante da mesma enti­dade, Marcelo Amaral fez coro e afirmou que a atitude da Câmara rompeu promessa feita pelos ve­readores durante reunião do Con­selho da Reserva Extrativista, na qual foi prometido que os traba­lhadores seriam ouvidos antes do projeto entrar na pauta, o que não teria acontecido. Para Marcelo, a medida foi ‘ditatorial’.

– Na verdade, a gente não é contra a implantação do Bilhete Único e sim a forma como isso foi feito. Isso sem contar que é uma medida inconstitucional aprovar uma matéria dessa im­portância, que impacta na vida de tanta gente sem consultar os interessados. Tem que empode­rar os atores locais e não botar uma empresa que vai enriquecer às custas do nosso trabalho por 25 anos – afirmou.

O barqueiro Júnior Aroldo afirmou que a sessão que decidiu a questão aconteceu de forma re­lâmpago e acusou os vereadores governistas de tratarem os mani­festantes com deboche.

– Da maneira errada que foi feita, prejudica todo mundo: do pequeno ao grande barco. Estão querendo resolver isso de qual­quer maneira para que eles pró­prios arrecadem – acusa.

Sob muitos protestos da assis­tência, a matéria foi aprovada por cinco votos a dois. Único parla­mentar a rejeitar a proposta junto com Serginho Carvalho (PHS), o vereador Ayron Freixo (PRB), disse que a bancada oposicionista também recorrerá à Justiça para anular a sessão. Segundo Ayron, de uma hora para outra, o projeto de lei foi avocado, isto é, coloca­do na pauta de forma emergencial sem a análise dos vereadores.

– Não passou por nenhuma comissão da Casa e foi colocado de última hora. Isso a menos de dez dias do recesso – comentou Ayron, que preside a Comissão de Finanças e Orçamento.

*Confira a matéria completa na edição desta quinta-feira da Folha dos Lagos