A dois meses do fim da atual gestão, Prefeitura contrata firma de limpeza por quase R$ 4 milhões
Empresa com sede no Rio tem menos de quatro meses de existência
Os problemas na limpeza urbana de Cabo Frio são notórios, têm sido assunto de várias reportagens da Folha dos Lagos e a Prefeitura sempre alega problemas financeiros para a falta de regularidade no recolhimento de lixo. Mas, pelo menos para as empresas que prestam o serviço para a Prefeitura, a crise financeira tem passado longe.
Menos de seis meses após firmar acordo com a empresa Ecomix Gestão e Planejamento Ltda. por R$ 23 milhões anuais – R$ 1,9 milhão por mês – o município fechou a concessão de gestão integrada dos serviços de limpeza por R$ 3,9 milhões mensais com o Consórcio Duna Forte. O extrato do contrato foi veiculado na edição do último dia 29 de outubro do jornal que faz as publicações oficiais do governo.
Não há referência ao tempo que vai durar o acordo, mas somente até o fim do mandato do prefeito Alair Corrêa (PP), sairão dos cofres municipais quase R$ 8 milhões. Além das duas, também já receberam recursos da Prefeitura para o mesmo serviço a firma capixaba Córrego Rico Transporte e Construção Ltda. e a autarquia municipal Comsercaf, cujo processo de extinção se arrasta há mais de um ano. A reportagem tentou levantar quanto o município gastou apenas este ano com limpeza urbana, mas o Portal da Transparência estava fora do ar.
Até o fechamento desta edição, a Prefeitura não respondeu ao questionamento da reportagem sobre a natureza do contrato e a forma de licitação.
Firma de Engenharia – Uma pesquisa sobre a Duna Forte revela algumas curiosidades. O consórcio é recente. Em consulta ao site da Receita Federal, é possível verificar que o pool de empresas foi aberto em 13 de julho deste ano. Do grupo fazem parte um empresário, como pessoa física, e as firmas Engetecnica Serviços e Construções Ltda.; Limpatech Servicos e Construções Ltda. e Construtora Zadar Ltda. Esta última, inclusive, é a responsável por fornecer ambulâncias para a Secretaria de Saúde. A empresa tem um contrato de R$ 5,6 milhões com o poder público municipal e é alvo da contestação de vereadores de oposição por causa do número insuficiente de carros e do mau estado de conservação deles.
De acordo com a Receita, o consórcio funciona em um escritório na Rua Senador Dantas, no centro do Rio, mas, segundo a reportagem apurou, no local funciona uma empresa chamada Riwa Engenharia.
Em um primeiro momento, a recepcionista negou que no escritório, que ocupa um andar inteiro de um prédio comercial, funcionasse o Consórcio Duna Forte. Entretanto, meia hora depois, por telefone, um homem deu outra versão e afirmou que o consórcio dividia o espaço com a Riwa Engenharia.
A reportagem ainda tentou entrar em contato com algum responsável pela área de contratos ou assessoria de imprensa, mas foi informada que ninguém falaria sobre o assunto.