Servidores municipais cobram Justiça e Prefeitura por salários atrasados
Manifestantes fizeram protesto em frente ao fórum de Cabo Frio nesta quarta (31)
Um grupo de aproximadamente 300 servidores municipais de Cabo Frio, principalmente das áreas da Educação, Saúde e da Fiscalização de Posturas, protestou no começo da tarde desta quarta (31) em frente ao fórum da cidade, no Braga.
O objetivo da manifestação foi cobrar medidas do Poder Judiciário para garantir o pagamento de salários que, em muitos casos, estão quase dois meses atrasados.
A queixa principal dos manifestantes com relação à Justiça, que recentemente desbloqueou as contas municipais para pagamento de empresas de limpeza e funcionários comissionados. O bloqueio havia sido conseguido pelo Sindicato dos Profissionais da Educação para a quitação da folha de pagamento.
– A gente foi tentar sensibilizar o Poder Judiciário porque já se vai para quase dois meses sem salário e para mostrar a posição contrária à liberação de recursos para pagamento de empreiteiras e cargos comissionados. O último aser atingido tem que ser o servidor – contesta a diretora de imprensa do Sepe, Denise Teixeira.
De acordo com a sindicalista, a situação da última semana não foi alterada e muitas escolas da rede continuam sem aulas por causa da greve e das recentes demissões feitas pela Prefeitura.
Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Servidores Público de Cabo Frio (Sindicaf), Olney Vianna, considerou o ato ‘bem representativo’ já que, pela primeira vez, funcionários que estavam hesitantes em participar de manifestações se juntaram ao movimento.
– A gente bateu muito na tecla de como a Justiça pôde liberar dinheiro para empreiteiras enquanto o servidor passa fome e é despejado de sua casa. Esse dias, uma servidora nos procurou aos prantos dizendo que teria que sair da sua casa. Nosso advogado ajudou a intermediar a situação. Mas isso é para ver o que é que nós estamos passando – comenta Olney.
Segundo o presidente do Sindicaf, funcionários de várias secretarias continuam sem receber os vencimentos de julho.
Apesar disso, com o desbloqueio, forma pagos parte dos salários da Educação, da Saúde e dos aposentados e pensionistas que recebem até R$ 4 mil.
O restante dos servidores ativos e inativos segue sem previsão de receber os salários atrasados.
‘Protesto das bananas’: ironia por tentativa de comprar merenda
Como sempre abusando da irreverência e da ironia para protestar contra o governo municipal, os servidores fizeram uma inusitada manifestação na frente do fórum de Cabo Frio. Os servidores levaram caixas de bananas, em alusão à tentativa de compra de grande quantidade da fruta para merenda escolar na rede municipal de ensino por parte da Secretaria de Educação.
Segundo despacho do juiz no processo que apreciou o pedido de liberação das contas da Prefeitura, a intenção da Prefeitura era comprar mais de 21 toneladas de bananas para abastecer as escolas da rede a RS 144.696,74, quantia considerada ‘estratosférica, pelo próprio magistrado, que cancelou o negócio.
“Entendo que a finalidade de sua destinação é extrema importância, visto dignar-se diretamente à alimentação dos estudantes do sistema público de ensino ... contudo, em meio às notas apresentadas pela municipalidade cujo valor remonta a estratosférica quantia de R$ 144.696,74 (...) há nesta nora menção à compra de 21.783 quilos de banana prata (...) em manifesto contrate à quantia adquirida do mesmo produto pelo Município no mês anterior. Por este motivo, o valor referente à referida nota fiscal merece melhor investigação por parte dos órgãos competentes, vedado o pagamento da mesma até melhor esclarecimento dos fatos”, diz a sentença.
Para a diretora de imprensa do Sepe, Denise Teixeira, a aquisição desse grande volume de frutas não é compreensível, sobretudo pela falta de aulas na rede municipal.
– Como se justifica uma compra dessa se as escolas da rede estão fechadas? – questiona.
Tem sido recorrente nos últimos tempos, as queixas de alguns funcionários sobre a falta de merenda em unidades da rede, fato que é rechaçado pela secretaria municipal de Educação.
Mas quando não falta comida, não há quem a faça, uma vez que na mais recente leva de demissões, em julho deste ano, várias merendeiras e auxiliares de cozinha foram dispensadas como forma de compensar a falta do empréstimo de R$ 200 milhões, pretendido pelo governo e vetado pela Justiça.