Jovem de Saquarema acusado de terrorismo está na mesma prisão que Fernandinho Beira-Mar e Chico
Unidade de segurança máxima no Mato Grosso do Sul recebe suspeitos de planejar ataques durante Olimpíada
Alisson Luan de Oliveira poderia ser facilmente confundido com um típico jovem de sua idade, 19 anos, não fosse a inclinação para a ideologia dos extremistas radicais do grupo terrorista Estado Islâmico.
Morador de Saquarema, a milhares de quilômetros do Iraque, berço do EI, Alisson, que tem ascendência síria, sonhava entrar no país do Oriente Médio e se unir aos fundamentalistas. A identificação é tanta que nas suas contas nas redes sociais, descobertas pela Polícia Federal e depois apagadas, ele usava o codinome Alisson Mussab Al Baghdadi.
O sonho do rapaz foi abortado na quinta-feira, quando ele foi preso na Operação Hashtag, junto com outros nove acusados de fazer apologia ao terrorismo na internet e suspeitos de tramar ataques durante os Jogos Olímpicos do Rio, que começam em menos de duas semanas. Desde 2003, Saquarema sedia o Centro de Treinamento da Confederação Brasileira de Vôlei.
No ano passado, depois de ter sido deportado da Turquia tentando chegar à Síria, Luan chegou a trabalhar durante cinco meses como caixa de um supermercado. Segundo colegas, ele era chamado de ‘homem-bomba’ por causa da sua ascendência síria. Em algumas oportunidades, chegou a admitir que desempenharia a função se ‘ a cause fosse justa’, mas os companheiros de trabalho não o levavam a sério até que o Ministério Público começou a investigá-lo por envolvimento com extremistas.
– Alguém que perguntou pra ele se ele tinha coragem de ser homem-bomba, explodir alguma coisa assim. E ele respondeu simplesmente assim: ‘se for por uma boa causa, sim’. Essa foi a resposta dele. Ele não chegou a falar qual seria a causa. Não sei a religião dele. É bem assustador. Um garoto bom, novo – afirmou seu ex-colega de trabalho, Moisés Mesut à InterTV.
Presídio ‘de Chico’ – Luan e os outros nove suspeitos presos pela Polícia Federal na Operação Hashtag foram levados para o presídio de segurança máxima de Campo Grande (MS), onde estão o traficante Fernandinho Beira-Mar e o ex-presidente da Empresa Cabista de Desenvolvimento Urbano e Turismo de Arraial do Cabo, Francisco Eduardo Freire Barboza, o Chico, acusado de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e desvio de dinheiro público.
De acordo com matéria publicada pela Folha na edição de 24 de junho, a vida de quem chega ao local não é nada fácil.
O presídio é monitorado por 200 câmeras de segurança, com imagens transmitidas em tempo real para centrais de segurança. As celas têm 14 metros quadrados, apenas com cama e armário, de onde não saem nem para tomar banho de sol.
Essas foram as primeiras prisões desde que a Lei Antiterrorismo foi sancionada pela presidente afastada Dilma Rousseff, em março.
O que é o Estado Islâmico?
Decapitação é prática comum (Reprodução)
O grupo terrorista sunita Estado Islâmico – que já foi denominado também como Estado Islâmico no Iraque e na Síria (EIIS) e Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL) surgiu como uma derivação da organização Al-Qaeda, de Osama bin Laden, responsável pelo atentado às Torres Gêmeas em setembro de 2001.
O principal objetivo do EI é expandir o seu califado por todo o Oriente Médio e para o Ocidente, pautado pela Sharia, a Lei Islâmica interpretada a partir do Alcorão.
O grupo é conhecido pelas suas ações de extrema violência até se comparadas as de outros grupos radicais como a própria Al-Qaeda e o Hamas.