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Em clima de Copa, empresário holandês monta 'QG laranja' em Cabo Frio

Gerard Von Bragt fez até uma réplica do Cristo Redentor

25 JUN 2014 • POR Rodrigo Branco • 16h56

Clima de Copa do Mundo, Brasil classificado para as oitavas e cidade inteira enfeitada com motivos verde e amarelo, certo? Errado. É impossível passar pela Rua Belgrado, no Jardim Olinda, e ficar indiferente ao verdadeiro “quartel-general laranja” montado na casa do empresário holandês Gerard Von Bragt, caprichosamente decorado com flâmulas nas cores de um dos nosso mais temíveis rivais: a Holanda. Como principal detalhe, uma réplica do Cristo Redentor de cerca de um metro contraria a  antiga máxima segundo a qual “Deus é brasileiro”.

A paixão e a intimidade com o futebol ficam explícitas logo na primeira pergunta, quando questionado sobre sua origem.

– Eindhoven, onde jogavam Romário; Ronaldo Fenômeno; Vampeta; Diego Tardelli; Gomes; Alex  – enumera, em alusão ao PSV, popular clube da cidade, que fica a 112 Km da capital do país, Amsterdam.

Apesar do esmero na ornamentação, ele mantém a cautela ao falar das possibilidades das equipe de Robben, Van Persie e Sneijder no Mundial. Neste domingo, a “Laranja Mecânica” pega o México pelas oitavas de final, em Fortaleza. Uma possível eliminação não o afeta, apesar de tudo.

– Não sei, vamos ver. Ganhamos por 2x0 (do Chile, na última rodada da fase de grupos), mas foi complicado. Nosso futebol é diferente do praticado na América Latina. É mais físico. O Brasil joga com mais técnica. Não fico sem dormir quando a Holanda perde – admite.

A camisa da seleção pendurada e uma bandeira do país esticada na fachada do imóvel dão ao local um ar de consulado holandês no município. Mas engana-se quem pensa que está em território totalmente estrangeiro.

Há 10 anos no Brasil, sempre em Cabo Frio, Gerard é casado com a professora de Português Diana desde 2007. Conheceram-se graças a um amigo em comum, dono de uma escola de idiomas para estrangeiros. O convívio assegurou não somente a prática do europeu no idioma de Camões, mas também uma valiosa troca cultural.

– Acho que por eu ser professora, essas diferenças para mim não dificultam. As pessoas criam estereótipos. Em geral, os nórdicos até são mais frios, mas nem todos – pondera Diana.

Entres alguns palavrões (“Foi  uma das primeiras coisas que aprendi”, acha graça), ele lista, com fluência, mas carregado sotaque, as vantagens e desditas encontradas no período de adaptação aos trópicos.

– P..., o temperamento brasileiro é muito bom, receptivo e bem mais quente. O clima também ajuda e deixa a todos mais abertos. O europeu é mais fechado, mesmo porque lá o inverno é muito rigoroso. Mas no verão, a temperatura é parecida. Lá chega a fazer 38º C – conta.

No entanto, com a naturalidade de quem frequenta a nação há quase 20 anos, e onde desde 2005 montou uma firma de equipamentos para limpeza de piscinas, a Blue Lagoon,  critica enfaticamente as mazelas políticas e econômicas tupiniquins. 

– Brasil é um país rico, que tem condições de ser um dos maiores do mundo, mas é mal administrado. Em alguns lugares existem as catástrofes naturais, aqui tem os políticos  – dispara.

O bom humor volta quando perguntado se vai ter briga em uma eventual decisão entre Brasil e Holanda.

– Não, mas cada um vai ficar para o seu lado – diverte-se.