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Funcionalismo de Cabo Frio critica proposta de parcelamento de salários

Possibilidade foi levantada pelo prefeito Alair Corrêa, mas ainda não foi oficializada

16 JUN 2016 • POR Rodrigo Branco • 09h22

As já delicadas relações entre a Prefeitura de Cabo Frio e os servidores públicos municipais azedaram de vez, com a postagem feita pelo prefeito Alair Corrêa (PP), no começo da manhã desta quarta (15), levantando a possibilidade de parcelamento dos salários do funcionalismo já partir desse mês.

O anúncio oficial da medida era esperado para o fim da tarde, após uma reunião do prefeito com alguns secretários, mas até o fim do dia a confirmação não foi feita. Para justificar a atitude de fracionar os vencimentos, Alair novamente responsabilizou a queda na arrecadação dos royalties e do ICMS, além de comparar a situação do município com a do estado.

“Como nossas receitas mais representativas o ICMS e os royalties vêm dos governos estadual e federal, se eles arrecadam menos, transferem a nossa Cidade também menos. Isso nos levou a essa enorme dificuldade que estamos tendo para administrar, é possível então que já nesse mês parcelemos os salários dos servidores de Cabo Frio, o que decidiremos nas próximas horas”, publicou em seu blog.

Já na manhã de ontem, apenas com a simples possibilidade do fracionamento dos salários, o clima entre alguns professores, em greve desde segunda, era de apreensão. Na Saúde, não foi diferente e, segundo o representante da categoria, Gelcimar Almeida, o Mazinho, muitos servidores foram às lágrimas.

– O pessoal briga para receber no quinto dia útil, já que os direitos como insalubridade, adicional noturno e triênio, não estão sendo pagos. Agora isso (parcelamento) seria um retrocesso – preocupa-se Mazinho.

Para a diretora de imprensa do Sepe, Denise Teixeira, não há motivo para a medida. Segundo a sindicalista, caso o parcelamento seja confirmado, o impasse e a greve dos professores ficarão longe do fim.

– A gente sabe que não tem essa crise financeira toda porque Cabo Frio tem um orçamento que vai chegar a 800 milhões para uma população de 200 mil habitantes. A gente não vê esse investimento na Saúde, na Educação, na limpeza, nas obras. Não vemos nada – critica, reforçando que a Justiça obrigou o pagamento dos salários até o quinto dia útil do mês.

Para o presidente Olney Vianna, do Sindicatos dos Servidores (Sindicaf), os vereadores são “corresponsáveis” pela situação.

– Eles têm motivo para cassar o prefeito por desrespeitar a Lei Orgânica, o que é improbidade administrativa, mas não fazem. Divido com os vereadores a responsabilidade pelo que está acontecendo. E essa omissão vai ser cobrada – afirma.

Sepe se manifesta sobre a preocupação dos pais

A diretora de imprensa do Sepe-Lagos, Denise Teixeira, se manifestou sobre a matéria publicada na edição de ontem da Folha relatando a angústia dos pais de alunos da rede municipal com relação à greve da categoria.

Mesmo com algumas críticas ao movimento, tido como “político” por alguns responsáveis, Denise não entrou em polêmica e se disse compreensiva com a preocupação dos pais, mas novamente ressaltou os motivos da paralisação.

– A gente entende o desespero dos pais porque é a vida escolar do filho que está em jogo. Mas o que a genter tem pra dizer é simples. Muito muito mais do que sermos professores, somos pais e mães de família que precisam honrar as nossas contas e sustentar as nossas famílias – afirma.
A prefeitura de Cabo Frio também foi procurada para comentar a preocupação dos pais, mas até o fim desta edição não tinha respondido à reportagem.

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