opinião

Personalidades da região opinam sobre momento político do país

Líderes da vários segmentos da sociedade demonstram preocupação com democracia

20 MAR 2016 • POR • 08h00

Diante do caos político do Brasil, com o clamor popular pela saída da presidenta Dilma Rousseff e os grampos do celular do ex-presidente Lula, a Folha procurou algumas figuras conhecidas na Região dos Lagos para opinar sobre o conturbado cenário brasileiro.

Neemias Santos Lima, pastor - "Em minha leitura, vivemos um momento ímpar, ao tempo em que é preocupante. Temos uma crise política que coincide com uma crise econômica internacional. Sou favorável às investidas do judiciário no sentido de moralizar o país e extirpar um mal que destrói nossa nação desde o descobrimento, a corrupção. Mas preocupa-me algumas ações ilegítimas para se alcançar tal intento. Não podemos retroceder, nossa história é banhada por sangue de homens e mulheres para que chegássemos à democracia. E somos bem novinhos nesse modelo. Não podemos correr o risco de jogar fora um legado conquistado pelo povo. Independente da ideologia, o viés predominante nesse contexto é o capital e, quem sofre, é o povo mais sofrido, que não tem saúde, educação e outros serviços pela área pública. Favorável a todas as investigações, mas que seja para todos, e contrário ao impeachment, a menos que se prove crime do governante maior."

Ricardo Motta, padre - "Só quem está dentro do buraco quer ficar nele e acreditar. Quem tá fora, está olhado como ele é feio e quer tapar...
Nada melhor que uma estrada sem buracos...
---Como tratar um buraco: 1 - Limpe o buraco, 2 - Deixe o mesmo impermeável, 3 - Confira , 4 - Tape o buraco e 5 - Faça manutenção sempre, pode ser que o buraco volte por diversas razões."

Fernando Rezende, teólogo - "Tenho muito medo que a nossa jovem democracia seja usurpada em nome do “basta de corrupção”. Como historiador digo que Getúlio Vargas , foi considerado em sua época, por acoso, pelo jornal o Globo, como o presidente mais corrupto que o Brasil já teve seu fim todos nós conhecemos. João Goulart Foi deposto pelo militares em 64 sob as mesmas alegações, Jucelino Kubitscheck voi alvo da maior campanha contra a corrupção de sua época e viveu boa parte de sua vida no exílio. Achava que estávamos vivendo tempos positivos, de fortalecimento das instituições, pois nunca se investoigou tanto e nunca tantos colarinhos brancos foram para atrás das grandes. Agora já estou achando que o Estado de Direito esta ameaçado, deuxaram para trás o Cunha, o Aécio e todos os outros que nos últimos 30 anos foram eleitos com financiamento de campanha das mesmas empresas que estão no banco dos réus hoje. O “pau que bate em Chico também tem que bater em Francisco”".

José Facury Heluy, artista - "No meio de toda esta investigação há um grupo que não se acostumou que perdeu a eleição e que sabe onde as mazelas residem porque também as praticam; Tanto que quanto mais delação premiada tiver mais atingirá a todos. E se for a fundo vai aos estados e municipios. O sistema politico, por ter eleições caríssimas e para sustentar a governabilidade necessita desse caixa dois. As grandes empresas estão viciadas nisso há anos e os poliíicos idem. Foi bom a aplicação da delação premiada? Foi, mas ela tem que ter regras para o inquerito politico. Vazou, perdeu a validade. Por que qualquer um que for preciso pode dedurar qualquer um que tenha falado com ele a qualquer momento. E uma das utlidades do jogo politico é o vazamento. O politico pode crescer ou decrescer sem urdir nele uma outra coisa bem mais grave. Os tempos da sociedade espetáculo necessita de um protagonista, aquele com o ego mais potencializado, independente da profissão, o utilizará da maneira mais exuberante possível. Com a mídia querendo dar o palco então, e sendo o arbitro da questão, estará montado o show para juizes de primeira instancia. Viram celebridades... Tudo isso e mais algumas coisas excusas estão por tras disso. Se forem para purificar a nação que seja, agora se for um golpe odiento, deve todo repúdio."

Luiz Francisco de Souza, professor - "Tudo isso me cheira a conspiração. Sabemos que mutos têm culpa, mas o interessante que tudo só recai com o apoio de grupos interessados em desmoralizar o governo. A Dilma foi eleita. Cadê a legitimidade? Por que não se investiga os envolvidos? Por que não se apura todos os fatos? Não vejo favelados, suburbanos, conjuntos residenciais fazendo panelaço e colocando a camisa verde e amarela.Vejo uma classe que tem os pés mergulhados no proletariado e a mente na burguesia."

Júnior Carriço, músico - "O momento é louco, maluco. É uma tentativa de golpe. Não tenho uma visão boa. Mas é um momento histórico, muito diferente para nossa democracia. Vivemos uma guerra jurídica. Querem que caia o governo do PT. Não vejo isso com simpatia, mas sim com temor. A democracia está sofrendo um baque, mas vamos ver onde poderemos chegar."

Luiz Antonio Nogueira, professor - "Momento em que parte do Judiciário (não é eleito pelo povo), associado a uma mídia oligopolista, liderada pela Rede Globo, tenta reverter conquistas ainda muito modestas da sociedade brasileira. Não está se dando um movimento de brasilidade contra a corrupção, porque se fosse assim os tucanos não estariam blindados, mas movimento do capital financeiro (nacional e internacional), objetivando reformatar o Brasil como plataforma do Capital Financeiro, a formação dos BRICS (moeda e banco de investimento ameaçando o FMI), o Mercosul, a Unasul, o Parlasul, caracterizando a política externa de liderança, na América do Sul. Quem estudou um pouquinho de História sabe que a perseguição feita contra Lula e Dilma, de extrema crueldade, já tinha sido desenvolvida contra Getúlio Vargas, João Goulart, Juscelino Kubitschek, Leonel Brizola e outros líderes nacionalistas e populares. O papo é sempre o mesmo: combate à corrupção, quando a questão central é a profunda desigualdade social. Os agentes da direita são os mesmos de 64 e quem apoia a ditadura é porque não tem noção de nada: imbecil pomposo. O momento é muito, mas muito triste pela ascensão do fascismo, um cão hidrófobo, corrupto, canalha, que tão mal faz à sociedade. O pior é que muitos se disfarçam para enganar o povo. Ora, só olhar para a turma que participou da Marcha dos Coxinhas Brancas, em Cabo Frio, para ver o que são e o que pretendem. Tenho nojo dessa gente."