‘Rotina é péssima’, diz paciente
Moradora de Jardim reclama que Prefeitura não fornece cilindros de oxigênio
Com extrema dificuldade de falar por conta da fibrose que acomete os dois pulmões, Patrícia Bispo dos Santos reclama da demora em receber o aparelho portátil que necessita para se locomover. Desde antes das festas de fim de ano a paciente aguarda que a Secretaria de Saúde de Cabo Frio cumpra decisão judicial para fornecer o equipamento e os cilindros de oxigênio. No entanto, os cilindros só começaram a ser entregues a Patrícia no início desta semana – e o equipamento, até agora, nada.
– Minha rotina é péssima. Fico cheia de cãibra se ficar muito tempo numa mesma posição, e sem o aparelho portátil é difícil me locomover, ir ao médico. A Justiça já mandou, mas até agora nada foi cumprido. A empresa que fornece o botijão de oxigênio que tenho em casa veio recolhê-lo, mas eu segurei – conta, indignada, Patrícia, que faz 44 anos amanhã, sem muitos motivos para comemorar.
Segundo a moradora do Jardim Esperança, são necessários dois cilindros de 1,5m³ de oxigênio, mas, até o momento, a Secretaria de Saúde só entregou um – e mesmo assim depois que ela teve uma crise, ano passado, no Fórum, e precisou ser socorrida até um hospital. Ela saiu de lá com o equipamento, mantido em casa, e desde então enfrenta dificuldades para que o município cumpra a determinação judicial, que, na ocasião, havia dado prazo de duas horas para que o material fosse entregue.
– Tenho o botijão que passa para a mochila portátil, mas está vazio, sem oxigênio. A empresa quis levar, mas eu segurei. Se eu entregar, a Secretaria não vai me dar mais nenhuma assistência, como até hoje eles estão fazendo. Achei estranho, mas ontem (anteontem) veio um funcionário e trouxe apenas um cilindro, que só dá para três dias Meu caso é grave. Não é um descaso? – questionou a paciente.
Por estar sem o respirador portátil, Patrícia conta que “se sente presa à cama”, no quarto onde está instalado o cilindro de oxigênio. Além dos equipamentos, a Justiça também determinou que a Prefeitura fornecesse os medicamentos que Patrícia usa, mas, segundo ela, a entrega não estaria sendo feita.
A dificuldade para obter o aparelho e os cilindros teria começado quando o contrato da empresa terceirizada que fornece o material foi rescindido com a Prefeitura de Cabo Frio.
A reportagem da Folha tentou contato com a Secretaria de Saúde de Cabo Frio, para que a pasta pudesse comentar as reclamações de Patrícia Bispo dos Santos, tanto quanto a denúncia de não cumprimento de decisão judicial. No entanto, até o fim da tarde de ontem, a reportagem não obteve nenhuma resposta