Ciclovia

Malha cicloviária é maior falha na região

Com seis mortes em um ano, entidades criticam falta de planejamento urbano

29 JUL 2015 • POR • 08h03

Cabo Frio, 2014/2015: Pablo Souza, 23 anos, Avenida Tei­xeira e Souza; Renilton da Con­ceição, 53, Rua Jorge Lóssio; Marciano José de Oliveira, 62, Avenida Júlia Kubitschek; Ra­quel Oliveira, 38, Ponte Felicia­no Sodré; Celso Brito, 60, Ave­nida Wilson Mendes. Iguaba, 2015: Homem não identificado, 65, Rodovia Amaral Peixoto. São Pedro da Aldeia, 2014: Fe­lipe Santos, 20, Rodovia Ama­ral Peixoto. Arraial do Cabo, 2014: Aline Rodrigues, 28. Em comum, essas pessoas comparti­lhavam o desafio de circular de bicicleta em cidades sem infra­estrutura cicloviária básica.

Como resultado, seis mortes em cerca de um ano e nenhuma solução à vista. Para que casos assim não se repitam, ciclistas e entidades civis têm uma lista de sugestões: ciclovias, sinalização, campanhas educativas para mo­toristas e ciclistas, acostamentos em vias de grande velocidade, corredores para veículos meno­res, além de planejamento para reduzir impactos no trânsito.

– Cabo Frio não tem estrutura básica. Vias movimentadas ca­recem de sinalização. A impru­dência na cidade cresce quase que na proporção da quantida­de de veículos. Tem que haver investimento em todos os seto­res. Uma audiência pública seria uma ótima iniciativa, por exem­plo – destacou Marco Souza, um dos diretores da Associação Ciclística de Cabo Frio (Acicaf).

O advogado Renato Gonçal­ves, diretor da OAB Cabo Frio aponta falha do poder público em preparar a cidade para o mo­rador. A maior crítica se refere às condições das estradas, que “fazem com que Cabo Frio pa­reça uma cidade de rali”.

– Pedágio é caro, IPVA é caro e isso não se reflete em inves­timentos nas estradas, que são esburacadas. A RJ-140, que liga Cabo Frio a Arraial, é vergo­nhosa. O poder público tem que oferecer contrapartida, que é es­trutura. Por sua vez, motoristas precisam andar dentro das nor­mas, já que a maioria dos aci­dentes acontecem por excesso de velocidade – considerou.

A falta de um plano de mo­bilidade é discussão antiga no município e que recorrentemen­te emperra em algum entrave, seja burocrático, seja de vontade política. Ou de ambos. Recente­mente, a Prefeitura de Cabo Frio perdeu prazo para garantir ver­bas federais para investimento em mobilidade justamente por­que não apresentou plano para o setor. Agora, os recursos terão que sair dos cofres municipais.

Na região, apenas Búzios e Rio das Ostras cumpriram de­terminação da lei 12.587, que determina integração entre dife­rentes modos de transporte, além de melhoria de acessibilidade. A RJ-140, por exemplo, onde a enfermeira Aline Rodrigues foi atropelada e morta, é um dos pontos críticos de acidentes.

Segundo Luciano Silveira, que é presidente da Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos (Asaerla), a discussão e aplicação de um pla­no de mobilidade se faz urgente e necessária para a cidade.

– A Prefeitura não se mobili­zou sobre o plano da cidade, per­deu recursos significativos. Pas­sou da hora de abrir a discussão sobre esse tema. É frequente o problema com ciclistas. Vamos tentar novo encontro, mas ape­lamos para que o governo faça essa discussão – concluiu.