Expectativa para o verão: hotelaria quer repetir desempenho de 2019 em Cabo Frio
Presidente da Associação de Hotéis, Carlos Cunha vê alta temporada com otimismo, apesar de reveses recentes do setor
Hoteleiros de Cabo Frio têm motivos de sobra para roer as unhas na contagem regressiva para o verão. De acordo com Carlos Cunha, presidente da Associação de Hotéis, o objetivo é alcançar números de antes da pandemia, tendo como meta, mais precisamente, o desempenho de 2019, considerado o melhor desde 1990.
Apesar da boa taxa registrada no última alta temporada – ocupação de 95% nos fins de semana e média de 80% em dias úteis –, o setor vem de dois baques: um calote de R$ 700 deixado pelo Hotel Urbano e uma baixa temporada que não vai deixar saudades, pois já é vista como a pior dos últimos 20 anos.
— No ano passado, tivemos um verão muito bom. Foram números excelentes. Dessa vez, queremos chegar aos números de antes da pandemia. Em 2019, tivemos a melhor temporada de Cabo Frio. Queremos repetir esse número. E superar o do ano passado também — afirmou Carlos Cunha em entrevista à Folha durante a 5ª Feira de Fornecedores da Hotelaria e Gastronomia, que reuniu 45 expositores e empresários de toda a região no Hotel Paradiso Corporate, no Braga, em Cabo Frio, durante a terça (25) e quarta-feira (26).
Para Carlos Cunha, o esforço dos hoteleiros precisa vir em sintonia com a atuação do governo municipal. Isso significa que serviços públicos elementares também ajudam o desenvolvimento do turismo. Nesse sentido, ele lamenta também a falta de um calendário de eventos divulgado com antecedência.
— Os turistas não escolhem a cidade por causa de determinado hotel. Eles vêm para Cabo Frio, para a região da Costa do Sol. Para isso, precisamos que o poder público faça sua parte. Que reforme os pontos turísticos, tape os buracos, que garanta um mínimo de segurança, principalmente nos corredores turísticos. E o calendário de eventos precisa ser feito com antecedência. Até hoje não temos calendário de eventos em Cabo Frio. Nós fazemos a nossa parte. Se o poder público fizer a parte dele, será um verão maravilhoso — opinou.
A prefeita Magdala Furtado não compareceu à abertura da feira. Ela foi representada pela secretária de Turismo, Paula Pinheiro, e pelo secretário de Governo, Ruy França.
— Esperávamos a prefeita hoje [terça-feira, 25], na abertura do nosso evento. Infelizmente, ela não veio. Sabemos que tem pouco tempo que ela assumiu. Então, tem outras prioridades. Mas entendemos também que o desenvolvimento econômico deve ser sempre uma prioridade de qualquer governante de uma cidade turística. Estamos esperando a agenda da prefeita, para a gente conversar e se entender melhor. Os governos passam. Ano que vem tem eleição. Mas nós, comerciantes, continuamos aqui. Precisamos desse diálogo com a máxima urgência.
Diante do desempenho fraco na baixa temporada, Carlos Cunha diz que é necessário um debate a respeito de investimentos estudo sobre o que dado certo em outros destinos.
— No momento, estamos com taxa de ocupação extremamente baixa. A gente vê a cidade cheia, mas os hotéis vazios. E não é por causa do preço. A gente a baixa preço, mas não tem procura. Temos, também, o fenômeno do Airbnb. Cabo Frio, infelizmente, deixou de ser destino atrativo para turistas de alto poder aquisitivo, que está escolhendo outros locais. Temos praias bonitas, mas somente isso não satisfaz. Praias bonitas existem no litoral brasileiro todo. Não são mais bonitas que a nossa, com certeza. Mas nos faltam atrativos e investimentos. E se chover? O que se faz em Cabo Frio? Vai para o shopping? Shopping o Brasil inteiro tem. Nosso shopping é ótimo. Mas será que é o melhor do Brasil? Precisamos ver o que outros destinos estão fazendo. Temos que ir a Balneário Camboriú, Arraial da Ajuda, Florianópolis, Gramado. Temos que ir a Miguel Pereira, aqui no estado do Rio. Precisamos ver o que essas cidades estão fazendo para conseguir esse sucesso todo. Copiar não é vergonha.
Hotel Urbano mantém calote de R$ 700 mil
Após três meses de início das negociações, os hoteleiros de Cabo Frio ainda não viram um centavo da dívida de R$ 700 mil que o Hotel Urbano deixou na cidade. O valor se refere a hospedagens realizadas no último verão. A promessa era de que o montante em aberto seria quitados até o fim de maio. O anúncio foi feito após uma reunião na sede da companhia, no início daquele mês. No entanto, até agora o assunto só foi empurrado com a barriga, revela à Folha o presidente da Associação de Hotéis, Carlos Cunha.
— Infelizmente, não foi resolvido. Conversamos com a diretoria do Hotel Urbano. Eles fizeram acordo de pagamento e não cumpriram nenhuma parcela da dívida. Zero. Estamos com diálogo aberto, mas a resposta é sempre “aguarda um pouquinho”.
O calote veio justamente num período em que o setor vinha se recuperando dos prejuízos contraídos na pandemia. Parte do lucro do verão ficou retido com o Hotel Urbano.
— Esse valor é referente a hospedagens já realizadas. São pessoas que se hospedaram aqui no Natal, réveillon, carnaval... – lamenta Carlos Cunha