Cultura

Opinião: campanha para reabertura do Teatro de Cabo Frio é grito contra a apatia

20 ABR 2023 • POR Redação • 12h03

Se repercute bem a campanha #euqueroteatro, lançada pela Folha, é porque dói na alma do cabo-friense ter um Teatro Municipal trancado, asfixiado, eclipsando a oportunidade de acesso à arte a uma geração de espectadores. E o que falar sobre os jovens talentos que não podem usufruir do espaço? Quantos palcos tem Cabo Frio? Triste cenário.

O Teatro Inah de Azevedo Mureb está fechado desde 2017, é preciso frisar. São seis anos. Na matemática rápida da política local, significa que o problema atravessa as gestões de Marquinho Mendes e Adriano Moreno e, finalmente, a do atual prefeito, José Bonifácio. A Folha, ao lançar a campanha, não o faz com o intuito de atacar gratuitamente governo ou pessoas – convém ressaltar que a Secretaria de Cultura cabo-friense reúne competente corpo técnico.

Recorrer à política miúda como forma de dissolver cobranças importantes é típico de parcela da cidade que, sem consciência de sua identidade e história, ainda teima em fazer das novelas partidárias sua programação preferida.

Mas nem toda Cabo Frio é assim. A campanha é manifestação legítima e apoiada por quem atua sempre em defesa do patrimônio cultural e histórico dessa terra.

Por falar em história, em 1994, no Teatro Cacilda Santa Rosa, o então prefeito José Bonifácio assistia ao espetáculo “Querelas Liras e Jagunços”, do grupo Creche na Coxia, que o fez refletir sobre o sonho de um Teatro Municipal. Ele, inclusive, escreveu sobre o assunto em artigo publicado pela Folha. Em 1997, finalmente estava inaugurado o Teatro Inah de Azevedo Mureb.

Tê-lo fechado em 2023 é o roteiro do retrocesso, que resume – mais que o fracasso pontual desta ou daquela gestão – o descaminho de um modelo de poder que há tanto tempo fratura o município e engessa a Cultura. Por isso, é preciso que o cabo-friense abrace a causa, reivindique e diga bem alto o quanto esse teatro é importante. Sem medo. A qualquer momento, seja qual for a gestão. Que a cobrança esteja sempre na ponta da língua. Pior do que um teatro fechado seria uma apatia geral e irrestrita.

A voz ninguém nos tira.