Artista que começou carreira musical em Búzios faz parte de fenômeno musical internacional
Nascida de Argentina, Natasha Iurcovich veio para o Brasil aos 4 anos, hoje é baixista do rapper WOS, um fenômeno da cena da música de contestação em língua espanhola
Com shows sempre lotados na Argentina e nos países de língua espanhola das Américas, Natasha Iurcovich, que morou em Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, dos 4 aos 15 anos, é a contrabaixista na banda do rapper argentino WOS, um fenômeno musical que começa a avançar também para a Europa, com show para mais milhares de pessoas recentemente na Espanha. Quando morou em Búzios teve uma banda de rock só de garotas, a Voodoo (2004), que chamou atenção de um produtor que tinha contatos com a EMI dos Estados Unidos. A banda passou a chamar-se METRO, e foi para estúdio em Miami, focando na onda das girls bands da época. Mas Natasha não se identificou com os caminhos musicais que estavam propondo para o grupo. Retornou para a Argentina e, enquanto estudava música, participou de diversos grupos, e, desde 2019, integra a banda de WOS.
Quando, ainda adolescente, em sua banda de garagem em Búzios, já buscava no seu som mais peso e contestação, mostrava um pouco dos caminhos que a artista iria escolher ao longo da carreira. Com WOS parece ter encontrado o que buscava. O artista é considerado um dos líderes de uma geração de músicos contestadores e inovadores que está oxigenando a música jovem argentina. Usando a linguagem do rap, WOS, tem sua origem artística no freestyle e isso pode ser visto quando improvisa no palco, com letras, na sua maior parte de protesto ao sistema e suas constantes mazelas, estão sob uma base musical que vai do Nu metal ao Trap, sem excluir as baladas. E é no baixo de Natasha que a banda, também formada por Facundo Yalve (guitarra), Fran Azorai (teclados) e Tomas Sainz (bateria), repousa sua agressividade em uma base segura, firme, mas de ligeira suavidade, muito bem executada.
Arrastando multidões em uma turnê de shows com ingressos esgotados bem antes das datas e participação em festivais como o Lollapalooza, Natasha mostra força como musicista, mas também é a representatividade feminista dentro da nova cena musical argentina. No Brasil, onde poderia haver a barreira do idioma, WOS e sua banda também já é escutado e compartilhado por jovens daqui. Natasha, uma argentina brasileira pode ser o elo musical e cultural da cena da música de contestação dos dois países.