CABO FRIO

Professores lutam contra fechamento da escola Américo Vespúcio

Prefeitura diz que unidade vem registrando queda no número de alunos

18 FEV 2022 • POR Cristiane Zotich • 13h28
Oficialmente, unidade tem 301 matriculados (profissionais da escola dizem que são 318) - Reprodução

"Quem abre uma escola fecha uma prisão”. A frase é do dramaturgo e ativista pelos direitos humanos Victor Hugo, e desde a última terça-feira (15) vem sendo usada por professores e pais de alunos da rede municipal de ensino de Cabo Frio: eles são contra o fechamento da Escola Municipal Américo Vespúcio, localizada em frente à UPA no bairro Parque Burle. O anúncio do fechamento foi feito aos profissionais da escola pela própria secretária Municipal de Educação, Elicéa da Silveira.

Em nota à Folha dos Lagos, a Prefeitura de Cabo Frio justificou a decisão alegando que desde 2012 a unidade escolar, que atende alunos do 6º ao 9º ano, vem registrando redução na quantidade de estudantes, tendo atualmente 301 matriculados (profissionais da escola dizem que são 318). Por conta disso, a Secretaria de Educação realizou uma reunião para apresentação do atual panorama ao corpo docente. Entre as soluções cogitadas pelo governo municipal está a possibilidade de remanejamento de alunos e servidores para unidades próximas, como a Escola Municipal Professor Edilson Duarte, no Jardim Caiçara, que, segundo a Prefeitura, seria capaz de absorver a demanda.

Profissionais da escola anunciaram para o fim do dia desta quinta-feira (17) uma reunião interna com o objetivo de alinhar respostas e propostas, numa tentativa de reverter a situação. A Prefeitura confirmou que terá uma nova reunião com os servidores da escola, em data a ser agendada, para ouvir as demandas da categoria em relação ao tema. Reforçou, ainda, que eventuais medidas serão discutidas com a comunidade escolar, sem prejuízo para os servidores e alunos da unidade.

– Nós, professores, esperamos que realmente haja a possibilidade de reverter a situação, apesar de a secretária ter sido muito firme ao passar a informação. Esperamos que o prefeito entenda que o administrativo não pode jamais passar por cima do humano, e educação é isso: essencialmente humana. Entendemos os argumentos administrativos, mas também entendemos que fechar uma escola não pode ser uma saída imediata. Estamos praticamente sofrendo uma desocupação forçada. Não nos é dada uma chance plausível de recuperação da escola – desabafou a professora Kátia Matos, que há 19 anos dá aulas no Américo Vespúcio.

Além da redução no número de alunos, profissionais do Américo Vespúcio afirmaram à Folha que a intenção da Prefeitura é transformar o prédio, recém reformado, na nova sede da Secretaria Municipal de Educação, que hoje funciona no Itajuru. E que segundo comunicado, isso será feito a qualquer momento, a partir do mês de março.

– De acordo com a fala da secretária, o prefeito está ciente da situação. A gente fica triste porque passamos anos em um prédio sem condições de funcionamento, que afugentava alunos e até profissionais. Agora que o prédio está todo reformado, a Secretaria de Educação vem se instalar na escola. O pátio já está sendo usado como depósito de carteiras. Os alunos usando carteiras velhíssimas e escassas, enquanto o pátio está repleto de carteiras novas. Não terão nem a oportunidade de aproveitar o espaço reformado. Estamos sem chão –  contou Kátia.