Um mês após inauguração, Hospital Universitário não tem previsão de começar a funcionar em Cabo Frio
Segundo Uerj, unidade precisa obter novo CNPJ por exigência da Vigilância Sanitária
Passado um mês da inauguração do Hospital Universitário Reitor Hésio Cordeiro, em Cabo Frio, nada de pacientes sendo atendidos ou de médicos e enfermeiros circulando pelos corredores. Anunciada como unidade de referência para o tratamento de pessoas com Covid-19 ou em fase de recuperação da doença na Região dos Lagos, o antigo Hospital Unilagos segue de portas fechadas para a população, e sem previsão de abertura.
Segundo a Folha apurou junto à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o motivo de as atividades ainda não terem sido iniciadas é burocrático. O Hospital Universitário precisa de um novo CNPJ, condição exigida pela Vigilância Sanitária para receber a autorização de funcionamento. Segundo a Uerj, a previsão é iniciar as atividades “tão logo o Hospital receba autorização da Vigilância Sanitária”. A instituição de ensino disse ainda que o processo de obtenção do novo CNPJ já está em curso.
Outra questão que ocasionou o adiamento da abertura da unidade é que ela deixará de atender, de forma exclusiva, pacientes com Covid-19. A universidade afirmou que a queda dos casos da doença permitiu a ampliação da atuação do Hospital, para abranger o atendimento a pacientes que aguardam cirurgias eletivas, como vesícula e hérnia, por exemplo, e que ficaram represadas durante a pandemia.
Como a instituição de ensino, que é vinculada à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, pactuou junto à Secretaria Estadual de Saúde que Hospital Universitário Reitor Hesio Cordeiro foi inicialmente preparado apenas para atendimento dos pacientes com Covid-19 e sequelas pós-Covid, houve a necessidade de adiamento para a repactuação.
Desta forma, quando enfim aberto, o Hospital Universitário passará a realizar cirurgia de vesícula (colecistectomia); remoção cirúrgica do útero (histerectomia); operação de hérnia (hernioplastia) e cirurgia da mão.
Espera desde março – A novela referente à reabertura da unidade, que chegou a funcionar com gestão municipal ainda no ano passado, se arrasta desde o primeiro semestre. Em 22 de março, o governador Cláudio Castro esteve em Cabo Frio e chegou a manifestar que pretendia ver o hospital funcionando ainda na semana seguinte.
– Todos os leitos que as prefeituras puderem abrir, o Estado co-financiará. Nossa palavra nesta gestão é o equilibro. Sobre o prazo para a reabertura, é uma questão da documentação, precisa passar pelas procuradorias, mas a minha orientação é que seja o mais rápido possível. É urgente. O que pudermos fazer será feito para as pessoas terem onde ficar – declarou, à época.
Contudo, entraves burocráticos já impediam o funcionamento da unidade naquela ocasião. Passados sete meses, foi firmado o acordo para que a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) passasse a administrar o hospital. Segundo a instituição de ensino, as instalações já estavam prontas e com as equipes em treinamento.
O Hospital Universitário Reitor Hesio Cordeiro, localizado no bairro Jardim Flamboyant, vai funcionar com cerca de 50 leitos, sendo 20 vagas em Unidades de Tratamento Intensiva (UTIs) e as demais para a reabilitação pós-Covid. A ação faz parte do projeto de interiorização da Uerj, que tem como objetivo marcar a presença da instituição nas diversas regiões fluminenses nas áreas da saúde, ensino e extensão universitária.
– Com o hospital, haverá acesso ao atendimento público de qualidade e gratuito, além de infraestrutura adequada para pesquisas na área da saúde, pressuposto para a instalação de uma Faculdade de Medicina no município, que vai funcionar no prédio ao lado. Nossa missão é unir o pensamento científico, a ciência, a tecnologia e a inovação – afirmou o reitor DA Uerj, Ricardo Lodi.
A inauguração ocorreu em 15 de outubro, com a presença de Castro e de outras autoridades, mas desde então, a população segue em compasso de espera.