dia dos namorados

Para celebrar toda forma de amor

Casais homoafetivos contam seus planos para comemorar Dia dos Namorados

12 JUN 2015 • POR Rodrigo Branco • 08h54

Rodrigo Branco

O local do jantar de logo mais ainda está sendo decidido, mas a certeza é de que a noite acabará em uma ‘esticadinha’ dançante em alguma boate de Cabo Frio. Maria Eduarda, de sete anos, vai ficar com a meia-irmã Cíntia, 26. Enfim, quase tudo pronto para momentos que prometem ser inesquecíveis. Afinal de contas, a ocasião é para lá de especial e não é apenas por ser a data mais romântica do calendário, mas também pelo fato de que daqui a pouco mais de duas semanas, Raquel de Oliveira Pacheco, 51, e Michele Pacheco de Oliveira, 34, comemoram o primeiro ano de casadas, depois de dois anos vivendo sob o mesmo teto.

A cerimônia ganhou notoriedade, com direito a capa histórica na edição de 28 de junho de 2014 da Folha dos Lagos, por se tratar do primeiro casamento homoafetivo da história de Arraial do Cabo. Significativo passo na luta pelos direitos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros), o enlace representou para o casal, bandeiras à parte, a oficialização de uma bela história de amor que, Raquel garante, só faz aumentar a cada dia.

– Continuamos da mesma forma de antes, fazendo reunião com os amigos, indo a barzinhos e boates, tomando cerveja. O problema é que muita gente quando casa acha que não precisa mais dar flores nem presentes. De forma alguma, deixamos que isso aconteça. Ela trabalha muito no computador, pois é professora, então, eu passo, dou um beijo, digo que a amo. Quando se deixa de fazer, as coisas passam despercebidas, ficam corriqueiras e acabam. O amor tem que ser lembrado a cada instante. É para vida toda – ensina a comerciante, que se declara ‘louca’ pela companheira, a quem dará um produto da Boticário, marca de cosméticos recentemente envolvida em polêmica, por conta de um comercial que mostra diversos casais, dois deles de homossexuais.

Se Raquel e Michele conseguem manter o clima de lua de mel até hoje, outros pares garantem a harmonia de seus relacionamentos à base de muito diálogo. Em clima de ‘eterno namoro’, a empresária Mônica Figueiredo, 52, a esta hora, re- solve os últimos detalhes para a sessão de queijos e vinhos que promoverá esta noite, com a mesma companhia de 22 anos, a da psicóloga Cláudia Alcântara, 48, na casa de ambas, na Ogiva. A novidade, para quem ainda resiste à ideia de que o conceito de família se modificou sensivelmente nas últimas décadas, é que participarão da confraternização os dois filhos adotivos do casal, de 21 e 23 anos, acompanhados das respectivas namoradas. Mônica afirma que as coisas nem sempre foram fáceis, mas atesta que a maturidade trouxe leveza e longevidade ao relacionamento.

– O segredo é a cumplicidade. Enfrentamos batalhas diá- rias pelo nosso amor. Procuramos conversar, sempre vendo os pontos de vista, aceitando-os e vivendo a vida. É claro que já tivemos brigas exacerbadas, mas hoje o nosso amor é muito leve. O amor transcende isso tudo – avalia a empresária, que também é ativista da ONG Lilás.

A estrada que já foi pedregosa e difícil para alguns, está apenas no início para outros. O dia destinado à comemoração dos apaixonados reserva uma comemoração dupla para Lucas Fialho, 24, afinal, o ator completa, hoje, um ano de namoro com o atleta Maxwell Cruz, 19. Conhecido pela peça ‘As Irmãs’, Lucas também pode creditar à bem-sucedida montagem a responsabilidade de ter unido o casal, uma vez que conheceu o namorado durante uma encenação numa escola em Saquarema. Não tardou a se estabelecer o interesse, concretizado após trocas de mensagens nas redes sociais.

 

Matéria completa na edição impressa da Folha desta sexta.