HOSPITAL GERAL

Defensoria Pública do Rio de Janeiro apura denúncia de mortes em Arraial por falta de oxigênio

Prefeitura disse que óbitos foram por complicações da Covid e não por desabastecimento

31 MAR 2021 • POR Redação • 19h44
Em nota, a Secretaria de Saúde de Arraial do Cabo informou que o Hospital Geral conta atualmente com nove respiradores e dez monitores em funcionamento - Reprodução

A Defensoria Pública do Rio busca informações após receber denúncias de familiares de pacientes de Covid-19 e profissionais de saúde de que pelo menos cinco óbitos teriam se dado por falta de oxigênio no Hospital Geral de Arraial do Cabo nos últimos dias. A Prefeitura, por sua vez, negou a falta de insumos para o tratamento dos pacientes.  

— Desde dezembro a Defensoria Pública tem percebido as precárias condições de atendimento do hospital de Arraial do Cabo. Em vistoria conjunta com o Cremerj, constatamos a falta de profissionais de saúde, de medicamentos e de insumos na unidade, essenciais para os pacientes infectados pela covid-19 no município — explica a defensora pública Raphaela Jahara, da Coordenadoria de Saúde e Tutela Coletiva.

Segundo a Defensoria, a precariedade dos serviços de saúde prestados durante a pandemia, e inclusive a ausência de transparência nos dados relativos ao contágio, levou a Defensoria a ajuizar, ainda no primeiro semestre do ano passado, duas ações civis públicas. O órgão aponta que o problema se agravou na segunda quinzena de março desse ano, quando profissionais de saúde e parentes de pessoas internadas no hospital local fizeram chegar à Defensoria denúncias sobre falta não só de oxigênio, mas também de remédios para intubação.

— Diante dos fatos, a Defensoria tem apurado as irregularidades e cobrado do Município condições adequadas de atendimento aos pacientes — destaca Raphaela Jahara.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Arraial do Cabo informou que o Hospital Geral conta atualmente com nove respiradores e dez monitores em funcionamento e que não houve desabastecimento de oxigênio na unidade. Sobre as mortes, o município admitiu duas, nos dias 27 e 28, mas que elas ocorreram em função de complicações da doença, e não por falta de atendimento adequado ou falta de equipamentos. 

O município disse que não conta com leitos de UTI, apenas de enfermaria e UPG, porém, já indicou ao Estado a intenção de receber seis leitos de UTI. Atualmente os casos que demandam atendimento de Terapia Intensiva são encaminhados à Central Estadual de Regulação, "objetivando a transferência do paciente para uma unidade que possua essa estrutura" e que "portanto, a liberação depende de leitos disponíveis".     

A secretaria finalizou dizendo ainda que "está à disposição da Defensoria Pública e demais órgãos de representação e controle para prestar todas as informações necessárias, assim como visitas nas unidades".

Na noite desta quarta (31), o prefeito Marcelo Magno (Solidariedade) também publicou um vídeo para dizer que não faltam cilindros de oxigênio.