ENTRE A CRUZ E A ESPADA

Sem previsão de lockdown, municípios tentam conter o avanço da Covid e manter a economia girando

Em Cabo Frio, governo pode recuar de exigência de teste negativo para turistas e visitantes

9 JAN 2021 • POR Rodrigo Branco • 13h33
Município discute novas medidas em relação ao Turismo - Arquivo Folha

Em meio ao período de alta temporada, os municípios da Região dos Lagos tentam se equilibrar entre impedir o avanço do novo coronavírus e manter a viabilidade da atividade econômica, sobretudo, o Turismo. Segundo a Folha apurou, não há expectativa de lockdown em nenhum deles, mas cada um ao seu modo implantou medidas para tentar conter o contágio, sem restrição total das atividades.

Em Cabo Frio, por exemplo, a nova gestão acabou de decretar a obrigação de turistas e visitantes apresentarem exame negativo de Covid-19.  A medida teve repercussão nacional e causou discordância do setor hoteleiro, que já se articulou para pedir que o governo municipal a reveja.

Com isso, de acordo com informação veiculada pela TV Litoral News, somente as pessoas que viessem do exterior teriam que comprovar não estar infectadas pelo vírus. Até o fechamento desta reportagem, não havia confirmação oficial por parte da Prefeitura, tampouco decreto que confirmasse o recuo. Portanto, a princípio, a nova exigência está prevista para começar na próxima segunda (11).

Em ofício enviado para o prefeito José Bonifácio (PDT), o Convention Bureau demonstrou preocupação com a medida.
“Solicitamos que tal medida seja revista principalmente pelo impacto econômico que causará no segmento, que é um dos principais responsáveis por movimentar a economia da cidade, além de ser um dos mais afetados desde o início da pandemia. Importante lembrar que já estamos atuando com capacidade bastante reduzida e que a grande maioria não chega nem próximo de alcançar os 50% de ocupação (limite máximo de ocupação desde o último decreto municipal”, diz o documento, assinado pela presidenta da entidade, Maria Inés Oliveros.

O governo municipal estuda uma forma de controle nos acessos da cidade, com a volta das barreiras sanitárias. Contudo, o assunto ainda está em discussão e uma definição deve sair nos próximos dias. 

Em São Pedro da Aldeia, que não adota barreiras nos seus acessos, a Prefeitura informou que segue em vigor o decreto n° 183 que dispõe de medidas de prevenção ao contágio pela Covid-19 no município. Em nota, o município disse que o Gabinete de Crise, criado pela atual gestão municipal, “analisa o cenário estrutural e epidemiológico da cidade para definir as futuras medidas restritivas para o combate da doença”. 

O governo aldeense busca, junto com o Estado, recursos para aumentar o número de leitos de Unidades de Pacientes Graves (UPG) no município.  Atualmente, a cidade conta com uma Tenda de Triagem 24h, localizada em frente ao pronto-socorro, para realização de atendimentos primários e testagem dos pacientes com sintomas, além de oito leitos UPG destinados aos infectados na unidade de saúde. Em casos necessários, o município recorre às vagas em hospitais do Governo do Estado, utilizando o sistema de regulação.  

A Prefeitura solicita, ainda, a contribuição da população no combate à doença. É obrigatório o uso de máscara nos locais públicos, evitar aglomerações e uso de álcool em gel nos estabelecimentos comerciais e órgãos públicos.  

QR Code em Arraial – Desde 1º de janeiro, a Prefeitura de Arraial do Cabo voltou a reforçar a atuação das barreiras sanitárias no município. O instrumento usado para aumentar o controle é o uso obrigatório de QR code para turistas e visitantes, que devem comprovar reserva por meio de código emitido pelo prestador de serviço turístico local - passeio de barco ou buggy, meio de hospedagem e mergulho, por exemplo. O QR Code deverá ser apresentado exclusivamente na barreira sanitária instalada na entrada principal do município. 

Em relação ao funcionamento das atividades econômicas do município, segue o estado de calamidade pública em virtude da pandemia, no qual é obrigatório o uso de máscara nos espaços públicos ou de uso coletivo, incluindo comércios; o atendimento ao público com no máximo 70% da capacidade total de cada estabelecimento.

 De acordo com o último decreto de restrições, estão restritos temporariamente os horários de funcionamento de restaurantes, bares, botecos, choperias, quiosques, inclusive em centros comerciais, até às 23h, sendo livre o horário para o serviço delivery. A Prefeitura de Arraial não informou a oferta de leitos para pacientes com Covid-19. 

Por sua vez, em Búzios, a barreira sanitária na entrada do município está mantida, com medição de temperatura dos motoristas. Pelo decreto municipal mais recente, de 29 de dezembro, ainda na gestão passada, que autoriza o funcionamento de todos os estabelecimentos comerciais, sejam eles restaurantes, bares, lanchonetes, entre outros, limitados a 50% (cinquenta por cento) da sua lotação, até as 3h (três horas) da manhã.

Em relação à parte de estrutura de Saúde, a Prefeitura informou que os atendimentos de casos suspeitos de Covid-19 nas Unidades Básicas de Saúde do município são realizados exclusivamente no período da tarde, de 13h às 17h, de segunda a sexta-feira. O morador que apresentar sintomas deverá procurar atendimento na Unidade Básica de Saúde do seu bairro, onde se encontra cadastrado.

Moradores de Búzios que apresentarem sintomas gripais também podem procurar atendimento nos dois Centros Especializados em Covid-19, localizados nos bairros Ferradura e Vila Verde. Os centros funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. A Policlínica de Manguinhos e a Policlínica de Vila Verde não atendem a casos de Covid-19. 
Já a tenda de triagem, nova estrutura montada na área externa do Hospital Municipal Rodolpho Perissé atende 24 horas à qualquer pessoa que apresente sintomas de síndrome gripal.

Moradores que testarem positivo para Covid serão orientados a cumprir isolamento domiciliar, monitorados pelo sistema de saúde da família do seu bairro. Casos graves serão encaminhados para internação.
A Prefeitura não informou a oferta de leitos para pacientes com Covid-19.