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“O fundamentalismo já chegou à nossa Câmara”

Presidente de ONG LGBT comenta a situação do município

19 MAI 2015 • POR • 09h52

As algumas dezenas de cruzes cravadas na areia da Praia do Forte, domingo, tinham um recado para dar: acabou a paciência com os crimes cometidos por homofobia. A ação foi iniciativa do Grupo Iguais (ONG que milita pelos direitos LGBT), para lembrar o Dia Municipal de Combate à Homofobia. Em entrevista à Folha, o presidente do Iguais, Rodolpho Campbell, comenta sobre a situação da militância LGBT em Cabo Frio e faz críticas à Câmara Municipal:

– Infelizmente, o fundamentalismo já chegou à nossa Câmara Legislativa – lamenta.

Folha dos Lagos – Qual a importância de ações como a de domingo?

Rodolpho Campbell – Mostrar à sociedade que sabemos nos manifestar e como nossa população sofre por falta de legislações punitivas aos atos homofóbicos.

Folha – Como está a situação da luta contra a homofobia no município?

Campbell – Infelizmente o fundamentalismo já chegou à nossa Câmara Legislativa. O local onde tínhamos antes grandes parceiros hoje encontra-se com uma dita “bancada evangélica”, que cisma em segurar, embarreirar e votar contra nossas matérias. Mas nossa militância mostra a eles que temos força e que não nos deixamos calar. Sempre que necessário jogamos eles na berlinda e repudiamos seus desserviços.

Folha – E por que você acha que a Câmara trava tantos projetos de cunho LGBT?

Campbell – Por conta de um fundamentalismo religioso recrudescido que os legisladores tentam passar aos seus eleitores, se posicionando contra tais matérias para favorecimento junto ao seus alvos eleitorais.

Folha – Em comparação com as grandes capitais, Cabo Frio é mais ou menos segura para o homossexual?

Campbell – Hoje ainda é mais segura, mas os instrumentos de investigação para solucionar casos de homofobia ainda são muito inferiores à capital.

Folha – Na sua visão, como o assunto da igualdade de sexos é abordado em ambiente escolar e universitário?

Campbell – Ainda de maneira peculiar, mas aos poucos a militância tem conseguido abrir portas para um diálogo mais horizontal e junto com a militância. Em Cabo Frio, por exemplo, em maio e julho sempre conseguimos levar palestras para as escolas de ensino médio.