Prefeitura de Cabo Frio adia desativação total do Hospital Unilagos para próxima segunda (5)
Dois pacientes que seguem internados na UTI serão transferidos para outras unidades
Inaugurado em abril para ser a unidade de referência para tratamento de pacientes com Covid-19 em Cabo Frio, o setor de emergência montado pela Prefeitura no Hospital Unilagos está prestes a ser inteiramente desativado. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, até esta quarta-feira (30), 80% da unidade já foi desmontada. No momento, dois pacientes seguem internados na UTI e devem ser transferidos para outras unidades até a próxima segunda-feira (5).
A reportagem questionou a Prefeitura sobre para onde serão levados os pacientes que precisarem de tratamento especial para doença, e foi informada de que o Hospital Municipal Otime Cardoso dos Santos, no Jardim Esperança, tem uma ala específica para pacientes com a doença. Extraoficialmente, informações dão conta de que equipamentos também já foram levados para o Hospital Central de Emergência (HCE), de São Cristóvão.
De acordo com o boletim epidemiológico desta quarta, a rede municipal tem 17 leitos de UTI para pacientes em tratamento do novo coronavírus, dos quais cinco estão momentaneamente ocupados (taxa de ocupação de 29,4%). Já dos leitos convencionais para pacientes com Covid-19, seis de um total de 44 estão ocupados (13,6%).
O município de Cabo Frio já registrou 2.775 casos de pessoas infectadas pelo novocoronavírus, das quais 149 não resistiram às complicações da doença e morreram. Até o momento, 2.377 pacientes se recuperaram. Com isso, oficialmente, há 249 pessoas com o vírus na cidade. Em relação ao número de casos, a Prefeitura disse que o município faz um monitoramento diário e reforça as ações de orientação e prevenção contra o novo coronavírus, com investimentos no setor de atenção básica de saúde, conforme orientação da Secretaria de Estado de Saúde.
Custos ainda serão calculados – Um ponto de interrogação com o fim da operação do Hospital Unilagos diz respeito a quanto sairá dos cofres cabo-frienses, contando a requisição administrativa, bem como o aluguel de equipamentos, a compra de insumos e o pagamento dos funcionários. Questionada sobre o assunto, a Prefeitura informou que vai divulgar o balanço de investimento com a unidade apenas após o seu completo fechamento.
No mês de junho, após insistência da Câmara Municipal e da Comissão Especial de Combate ao Novo Coronavírus, a Prefeitura respondeu que os gastos com a unidade seriam de R$ 2,6 milhões por um período de quatro meses. Entretanto, como a unidade funcionou por quase dois meses a mais do que o previsto inicialmente, os valores possivelmente estão defasados.
Inaugurado em 10 de abril, com a promessa de oferecer 21 leitos de UTI com respiradores e 60 convencionais, o único centro de tratamento exclusivo para pacientes de Covid-19 da região jamais funcionou com a capacidade total, segundo diversas reportagens feitas pela Folha ao longo desse período. A principal dificuldade, segundo a Prefeitura, foi a falta de profissionais especializados no tratamento dos pacientes, os chamados médicos intensivistas, mesmo oferecendo salários em torno de R$ 17 mil.