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Crise na saúde de Cabo Frio afeta cidades vizinhas

Prefeitura de Rio das Ostras afirma que está sofrendo impactos da falta de atendimento em Cabo Frio

16 JUL 2019 • POR • 08h43

Na semana em que o governo Adriano Moreno completa um ano (a posse foi no dia 17 de julho de 2018), justamente a Saúde, setor que foi a principal plataforma de campanha da atual gestão, sofreu mais um baque. Ao melhor estilo “a que ponto chegamos”, a Prefeitura de Rio das Ostras emitiu uma nota no domingo afirmando estar sofrendo profundos impactos dos problemas do setor em Cabo Frio. Segundo o governo riostrense, pacientes de Cabo Frio estariam superlotando o Pronto-Socorro da cidade vizinha. A Prefeitura de Cabo Frio nega e chama a nota de “leviana”.

“A Prefeitura de Rio das Ostras informa que, devido aos decorrentes problemas na Rede Municipal de Saúde de Cabo Frio, o Pronto-Socorro de Rio das Ostras vem recebendo uma crescente demanda de pacientes da região”, diz a nota, enumerando as providências que estão sendo tomadas.

“No entanto, a equipe da unidade pede a compreensão da população, pois está trabalhando prontamente para evitar possíveis transtornos e melhor atender a todos. Neste domingo, o Pronto-Socorro se encontra com 14 pacientes do município vizinho no setor de traumatologia e demais nos consultórios. Para atender a demanda, macas extras já foram providenciadas para as enfermarias e salas de hidratação”, segue o texto publicado nas redes sociais da Prefeitura.

O problema estaria sendo causado pela paralisação de servidores da Saúde. A paralisação ocorre em protesto ao atraso nos salários de servidores municipais de Cabo Frio neste mês. Segundo o calendário de escalonamento dos pagamentos divulgado pela Prefeitura de Cabo Frio, os últimos servidores só deverão receber o salário de maio por volta do dia 25 de julho.

De acordo com o Sindicato dos Servidores da Saúde de Cabo Frio (Sindsaúde), a paralisação teve adesão de 50% dos servidores ontem.
A reportagem da Folha pediu entrevista com o secretário de Saúde de Cabo Frio, Márcio Mureb. A Prefeitura enviou uma nota, via assessoria, negando a existência do problema e chamando o texto divulgado pela Prefeitura de Rio das Ostras de “leviano”. 

“A Prefeitura de Cabo Frio informa que o comunicado publicado pela Prefeitura Municipal de Rio das Ostras não procede e lamenta profundamente a postura leviana do município. Segundo a Secretaria de Saúde, o atendimento nas unidades de saúde de Cabo Frio está normalizado, sem qualquer indício de superlotação”.

A nota afirma ainda que as unidades de saúde estão com funcionamento normal.

“As emergências da UPA e do Hospital de Tamoios, do Hospital da Mulher, do Hospital São José Operário e da UPA do Parque Burle seguem a rotina normal de atendimento. No caso específico do Hospital do Jardim Esperança, a secretaria está fazendo um levantamento para avaliar a redução do atendimento, uma vez que a maior parte dos funcionários da unidade é composta por servidores efetivos, que já receberam seus salários, não justificando, portanto, a falta de profissionais”, alegou.

A Prefeitura de Cabo Frio ainda devolveu o problema. Disse que, na verdade, a rede de saúde da cidade é impactada por moradores de Rio das Ostras e Búzios que procuram atendimento.

“Ainda de acordo com a Secretaria, o que acontece na realidade é a situação inversa, ou seja, moradores de municípios como Rio das Ostras e Búzios procuram as unidades de saúde de Cabo Frio diariamente, principalmente para atendimentos específicos e de maior gravidade”, rebateu.
A Folha procurou as Prefeituras de Búzios e Rio das Ostras, mas elas não se pronunciaram sobre a nota emitida pela Prefeitura de Cabo Frio.