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Economia com pé no freio em Cabo Frio

Estudo aponta aumento de investimentos no Estado, mas empresários locais adotam cautela

11 ABR 2019 • POR • 09h24

RODRIGO BRANCO

 

O empresariado cabofriense está com o freio de mão puxado quando se trata de investimentos nos seus negócios para este ano. O fato contraria o resultado de uma pesquisa feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ). O estudo aponta que 62,9% dos entrevistados em todo o Estado do Rio de Janeiro farão investimentos em seus negócios e que 50,2% dos entrevistados vão investir mais em 2019 do que fizeram no ano passado. 

No comércio local, o otimismo é substituído pela cautela. O fato é confirmado pela presidente da Associação Comercial, Industrial e Turística (Acia), Patrícia Cardinot, que estima que apenas 10% do empresariado deve investir nos seus serviços e produtos. Para Patrícia, a maioria está em um momento somente de ‘pagar as contas’.

– Aqui em Cabo Frio, o comércio está um pouco desmotivado e percebo que as pessoas estão aguardando o engatar do governo (federal), por ser novo. Aconteceram muitas coisas e os empresários estão um pouco em cima do muro, aguardando o momento de dar o pulo certo. Está todo mundo enxugando custos, gerando menos despesas, economizando papel de impressão, economizando nos serviços prestados. O que eu vejo é o comércio ainda muito incerto de um futuro próximo mas, ao mesmo tempo, confiante nos novos acontecimentos. Na verdade, o Brasil ainda não engatou – avalia a empresária, que acaba de assumir a presidência da entidade e busca novas parcerias para desenvolver o setor.

No ramo de hotelaria e turismo, um dos mais representativos da cidade, a situação é diferente, mas não muito. De acordo com o presidente da Associação de Hotéis, Gastronomia, Comércio e Turismo de Cabo Frio, Carlos Cunha, o trade turístico acena com investimentos para divulgação da cidade em feiras no Brasil e na América do Sul, contudo, o mesmo não acontece em termos de melhorias nas instalações e no treinamento dos funcionários. O motivo são as dificuldades financeiras dos últimos anos. 

– O pior da crise já passou, mas isso ainda não se repercutiu em aumento de lucro, pelo contrário. A gente teve uma retração de faturamento nos últimos anos. Por mais que a taxa de ocupação tenha aumentado, o faturamento diminuiu. Temos operado diárias inferiores ao que a gente deveria ter reajustado – avalia Cunha. 

Na pesquisa da Fecomércio, entre os empresários que alegaram que não vão botar a mão no bolso para investir, 17,4% disseram que não o farão por falta de recursos para canalização em investimentos; 15,5% justificaram a torneira fechada pelas elevadas taxas de juros nas operações de crédito; 14,7% alegaram o fraco movimento; entre outras.

No maior polo de moda praia do Estado, a Rua dos Biquínis, a esperança convive com a crítica pela concorrência com os ambulantes nas praias. Ainda assim, o presidente da Associação Comercial e Industrial da Rua dos Biquínis (Acirb), Armando Braga, tem o discurso de colocar recursos para fortalecer o setor. 

– As pessoas estão a sobreviver, mas são obrigadas a fazer investimentos em suas lojas. Estamos com um problema muito grande porque temos mais vendedores ambulantes vendendo moda praia do que as lojas de moda praia. Ou seja, a Rua dos Biquínis, perde com isso. Nós também temos fábricas e acontece que temos que manter as fábricas, os investimentos. Mas esses anos têm sido terríveis. Continuamos a investir por um motivo bem simples: acreditamos no que fazemos e de as coisas vão melhorar. Temos que continuar porque somos a única indústria que tem em Cabo Frio, sem esquecer, claro, a importância que tem o turismo – finalizou Armando.

O levantamento da Fecomércio ouviu 555 empresários de todo o Estado do Rio de Janeiro. Para 40,1% desse público, oferecer conforto aos clientes é a principal justificativa de investimento. Em seguida, está a mudança de estratégia de marketing (32,9%), o incremento do resultado (29,8%), o alinhamento ao nível dos concorrentes (26,4%) e a melhoria na estrutura, considerada insuficiente (4,8%). A pesquisa aponta ainda que 27,1% dos empresários investirão capital próprio da empresa; 22,1% investirão recursos dos sócios; 16% utilizarão linhas de crédito específicas e 7,9% recorrerão a empréstimos junto aos bancos.  Já 21,8% ainda não definiram.

No que se refere nas prioridades de investimento estão: a compra ou modernização de equipamentos (42,4%), investimento em marketing (38,3%), aumento do estoque e mix de mercadorias (34,5%), expansão ou reforma do estabelecimento (32%), formação e qualificação da mão de obra (22,8%), aumento do quadro de funcionários (10,8%) e outros (4,8%).