Política

Filha de Queiroz tinha cargo em Araruama

Personal trainer é suspeita de ter sido funcionária fantasma no gabinete de Bolsonaro

16 JAN 2019 • POR • 10h29

Uma reportagem do jornal O Globo publicada ontem revelou que a filha de Fabrício Queiroz, o motorista que está no centro de um escândalo de suspeita de movimentações financeiras irregulares realizadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), estava nomeada até último dia 7 de setembro como funcionária da Prefeitura de Araruama. Nathália de Melo Queiroz é personal trainer e passou a ser alvo do Ministério Público por causa de suspeitas de que fosse funcionária fantasma no gabinete de Bolsonaro quando o presidente era deputado federal.

A reportagem mostra que Nathalia foi nomeada na Prefeitura de Araruama justamente após ser exonerada do gabinete de Bolsonaro em Brasília. A exoneração ocorreu no dia 15 de outubro, pouco depois de o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) começar a investigar movimentações financeiras suspeitas entre o Bolsonaro e o motorista dele e amigo da família, Fabrício Queiroz. Duas semanas depois, Nathalia recebeu o cargo de assessora especial da prefeita de Araruama, Lívia de Chiquinho (PDT).

Mesmo durante o tempo em que era funcionária do gabinete de Jair Bolsonaro, e também no período em que estava nomeada como assessora na Prefeitura de Araruama, Nathalia Queiroz era vista cotidianamente trabalhando como personal trainer no Rio.

Segundo a reportagem do jornal O Globo, a secretária da prefeita, Angela Barreira, disse que nunca encontrou Nathalia no local de trabalho. "Parece que ela era meio ruim de serviço. Como eu nunca vi, não posso dizer", desculpou-se.

Já o assessor estratégico da prefeitura, Cláudio Márcio Teixeira Motta, definiu a filha de Queiroz como "pau para toda obra". Afirmou que ela recebia para representar a prefeitura na Assembleia Legislativa e “escrever alguma coisa nas redes sociais".

- Motta disse que Nathalia ganhava "cerca de mil reais". Ele ironizou a suspeita de que ela recebia como funcionária fantasma. A personal costumava postar fotos na academia de ginástica em horário comercial. "Se entre uma coisa e outra ela encontrava o namorado, ia ao Bob's, não tenho nada com isso", disse. "Nunca precisei de personal, mas até que seria bem-vindo", gracejou - diz ainda a reportagem.

A filha de Queiroz é citada no relatório do Coaf porque transferiu R$ 97 mil para as contas do pai. Na época, os dois estavam lotados no gabinete do senador eleito Flávio Bolsonaro. Na terça passada, ela faltou a um depoimento ao Ministério Público do Rio. A defesa de Queiroz ainda não se manifestou. A Prefeitura de Araruama foi procurada pela reportagem da Folha mas não se pronunciou até o fechamento desta edição.

 

*Foto: Blog do Esmael