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DESAPROVAÇÃO

Padre Julio Lancelotti critica campanha que pede a moradores para que não deem esmolas em Búzios

Em postagem nas suas redes sociais, religioso considerou iniciativa como 'aporofobia', que é aversão a pessoas pobres

25 dezembro 2021 - 16h21Por Redação

Na última semana, a Prefeitura de Armação dos Búzios lançou uma campanha para que moradores e comerciantes da cidade não deem esmolas para as pessoas em situação de rua. A iniciativa ganhou um crítico ilustre, o padre paulistano Júlio Lancelotti, de 72 anos, da Paróquia São Miguel Arcanjo, do bairro da Mooca, em São Paulo.

Nacionalmente conhecido pelo seu ativismo social, sobretudo pelo trabalho junto aos moradores em situação de rua, padre Júlio reproduziu a postagem feita pela Prefeitura buziana e escreveu a palavra 'aporofobia', termo que significa 'aversão a pobres'.

A publicação contrária à campanha oficial do governo da península está em meio a outras, com as ações sociais do pároco e críticas a outros municípios, seja por iniciativas semelhantes, seja pela colocação de obstáculos físicos por parte de comerciantes e do poder público para impedir que pessoas em situação de rua se abriguem sob marquises ou deitem em bancos de praça. A prática é conhecida como 'arquitetura hostil'.

A medida do governo buziano provocou revolta até mesmo em moradores da cidade que se manifestaram negativamente na postagem da Prefeitura. A reportagem entrou em contato com a Paróquia São Miguel Arcanjo para ter um posicionamento mais amplo do padre Júlio Lancelotti, mas não obteve resposta.

Por sua vez, a Prefeitura de Búzios informou que o projeto 'Não dê esmola, doe dignidade' da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda de Armação dos Búzios "em momento algum objetivou associar nesta ação práticas vexatórias e discriminatórias". Segundo o município, as ações propostas "objetivam promover os direitos das pessoas em situação de rua, através da política pública de Assistência Social, conforme legislações que regem esta pasta".

"O 'Não dê esmola, doe dignidade' se propõe a orientar à sociedade civil sobre a melhor forma de encaminhamento das questões apresentadas por estes usuários, encaminhando os mesmos para os órgãos socioassistenciais que farão os atendimentos, acolhimentos e acompanhamentos necessários para a superação dos episódios de violação de direitos. Ressalta-se que, diante das demandas, a Secretaria vem direcionando a responsabilidade pelo atendimento à pessoa em situação de rua para o Serviço de Abordagem Social – vinculado ao Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas). Sendo direcionado para o atendimento junto à equipe do Serviço de Abordagem Social vinculada ao Creas, este usuário tem acesso aos serviços, benefícios, programas e projetos socioassistenciais a que faz jus. Neste sentido, como rol de ofertas, são disponibilizados recursos como: inclusão do usuário no Cad-único (porta de entrada para os benefícios do Governo local e Nacional), encaminhamento do usuário para local de acolhimento com suporte de alimentação e recursos para a higiene, encaminhamento do usuário para atendimento médico-hospitalar na rede, suporte para encaminhamento do usuário para sua cidade de origem (caso tenha familiares em outro território, os quais podem o receber e dar a continuidade na defesa dos seus direitos) e outros", disse a Prefeitura, em nota.

Postagem de Padre Júlio Lancelotti teve o apoio de inúmeros seguidores (Reprodução)