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CRISE NO TRANSPORTE

Novo aumento do diesel pode deixar Região dos Lagos sem transporte

Setransol afirmou que existe "grave risco de racionamento de combustível através da redução de ônibus nas áreas atendidas pelas empresas"

11 maio 2022 - 13h17Por Cristiane Zotich

Quem depende de ônibus para se locomover, deve ligar o alerta. É que nesta terça-feira (10) a Petrobras reajustou o preço do óleo diesel pela terceira vez somente este ano. À Folha, o Sindicato das Empresas de Transporte da Costa do Sol e Região Serrana (Setransol) informou que esse novo aumento agrava ainda mais a crise que assola o setor do transporte coletivo de passageiros. Em 1º de janeiro, o preço do litro do diesel comum nas refinarias era de R$ 3,34. No dia 12 do mesmo mês, passou para R$ 3,61. Em março o valor subiu para R$ 4,51, e agora chegou a R$ 4,91. Em quase cinco meses, o aumento nas refinarias chega a 47%. Nas bombas, o valor do diesel comum, em janeiro, era em média de R$ 5,77. Neste mês de maio, segundo um levantamento divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) antes deste novo reajuste, o valor médio já era de R$ 6,63/litro.

A Setransol é a entidade que representa nove empresas que atendem cerca de 16 municípios no interior do Estado do Rio de Janeiro. Em nota à Folha, eles informaram que o anúncio e a efetivação de mais um aumento do óleo diesel em 8,9% “esgotam alternativas e provocam o grave risco de racionamento de combustível através da redução de ônibus nas áreas atendidas pelas empresas”. O sindicato destacou, também, que os operadores já consideram reduzir a quantidade de ônibus “para adaptá-la à difícil realidade financeira que engloba o sistema de transporte coletivo”. 

– As empresas se veem obrigadas a promover uma redução de frota em horários de menor movimento durante a manhã, tarde e noite, e também nos finais de semana para priorizar a manutenção do serviço. A medida visa impedir o colapso dos sistemas de transporte a curto prazo, estes que são responsáveis pelo deslocamento diário de milhares de pessoas que dependem diretamente dos ônibus e os têm em muitos casos como único meio de transporte – informou a Setransol.

Na nota, o sindicato também criticou o que chama de "inércia dos governos municipais, estadual e federal” que, segundo a entidade, tem provocado o acúmulo de prejuízos nas contas das concessionárias, “pois os custos operacionais estão em constante crescimento, tendo o diesel como principal custo das empresas de ônibus, representando uma fatia de cerca de 33% do total”. 

O Setransol ressaltou que a ausência de medidas efetivas também gera impacto na segurança pública, denunciando que “milícias têm se instalado em áreas que o sistema de transporte já tem demonstrado deficiência no atendimento, ameaçando a população que se vê obrigada a utilizar um serviço clandestino, sem regulamentação e operado por grupos criminosos”.

– De forma emergencial, é de extrema necessidade que o poder público adote medidas que garantam a continuidade de um serviço essencial para o desenvolvimento e a economia do interior do Estado do Rio de Janeiro – concluiu a nota enviada à Folha.

Assim como o Setransol, os sindicatos Setrerj, Setransduc e Transônibus, que representam as empresas de ônibus que circulam em dez municípios da Baixada Fluminense e em Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá, também afirmam que há um risco iminente de falta de transporte público coletivo para a Região Metropolitana do Rio. Eles alegam que este terceiro aumento em tão pouco tempo obrigará as empresas a fazerem reduções na operação e adaptar a frota em circulação à capacidade financeira, com racionamento de combustível e priorização de serviços e linhas de ônibus em horários de maior movimento.