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Novela cria nomes fictícios para cidades

Na internet, cabistas protestam por trama da Globo criar “Armação do Sul” 

01 fevereiro 2019 - 09h10
Novela cria nomes fictícios para cidades

Nos últimos anos parece que a teledramaturgia abraçou de vez os cenários paradisíacos das cidades da Região dos Lagos. Cabo Frio e Arraial do Cabo viraram ‘figurinhas batidas’ na tela da TV Globo, por exemplo, uma das maiores produtoras de novelas do mundo. Com direção de Jorge Fernando, a novela Verão 90 estreou na última terça-feira e causa polêmica entre moradores de cidades que serviram de cenário. 

Na rede social, moradores de Arraial do Cabo protestaram que a cidade não teve o nome divulgado, mas foi chamada de Armação do Sul, um lugarejo fictício de Santa Catarina. E, para completar, um site publicou que as cenas em que aparecem a Prainha são do estado do Sul. A assessoria de imprensa da Prefeitura informou que a procuradoria do município pedirá a retratação ao site, e que informem que as imagens pertencem a Arraial. 

“Ahhhh sim... Santa Catarina? É Arraial do Cabo, Região dos Lagos do Rio de Janeiro”, postou um internauta.

Mas o que muita gente não sabe é que para gravar na cidade a empresa tem que pagar uma diária e assina contrato que garante que uma parte da mão de obra é de moradores da cidade. O secretário de Turismo de Arraial do Cabo, Olavo Carvalho, informou que a cada dia de gravação a TV Globo paga cerca de R$ 2 mil.

– Entendo que é uma obra de ficção e a cidade, usada como cenário. Não temos como interferir na obra do autor. Nossas praias são muito conhecidas e marcantes, qualquer pessoa vendo vai saber que se trata de Arraial. Cabe a nós cobrar as taxas estipuladas por lei e cobrar as devidas autorizações dos órgãos ambientais – pontuou.

Nascido e criado em Arraial, o ator Max Magalhães é um dos nomes do elenco que traz, entre outros, feras como Isabelle Drumond, Rafael Vitti, Dira Paes e Humberto Martins. Aliás, é com este último que Max contracena na pele do assistente de câmera Digão. Max, que também é apaixonado pela sua cidade, comemora a oportunidade de crescimento na carreira e entende que a exposição da cidade é natural, mesmo que ela tenha ganhado outro nome no folhetim.

– Claro que seria maravilhoso se aparecesse o nome Arraial, mas a publicidade espontânea para a cidade é real. É preciso que entendam que é ficção. Mas uma hora ou outra todos vão saber que só o Cabo tem praias tão lindas. Estou muito feliz com essa oportunidade e tenho certeza que Arraial só ganhará bons frutos com essa novela mostrando nossas belezas naturais.

O secretário de Turismo de Cabo Frio, Radamés Muniz, diz que não vê formas legais de exigir que a Rede Globo (ou qualquer outra emissora) diga que a história da novela se passa no município ao invés de um local fictício, mas revelou que o governo atual está finalizando um decreto que cria regras e contrapartidas que beneficiem a cidade.

– Esse documento foi sugerido por nós, da Secretaria de Turismo, elaborado pela Procuradoria do Município, e dispõe sobre normas e procedimentos para realização de fotografias e produções audiovisuais em Cabo Frio, sejam transmissões, filmagens, gravações, produções de aplicativos, games ou outros produtos audiovisuais multiplataforma, de cunho comercial, publicitário ou de entretenimento, como novelas, por exemplo. Ou seja, ele cria uma série de regras e exige contrapartidas em benefício da cidade. Uma das regras diz que, antes de qualquer coisa, os interessados precisam apresentar o roteiro de trabalho para avaliação da Secretaria de Turismo para sabermos se não será algo que gere impacto negativo para a cidade, mesmo que ela não seja citada como cenário. Não faz muito tempo, tivemos uma novela gravada em Cabo Frio, na qual a cidade, mesmo não sendo citada, era cenário para esconderijo de uma foragida da Justiça. Não queremos mais isso em Cabo Frio, assim como também ficam proibidas gravações de cenas de violência – explicou Radamés.

O secretário também lembra que o documento prevê contrapartidas para os interessados em fazer esses tipos de produções em Cabo Frio. 

– Quando a Verão 90 deu entrada no processo de autorização, ainda estávamos no início da criação deste documento, mas conseguimos negociar algumas contrapartidas em favor da cidade como a vinda do Vídeo Show, que cobriu as gravações e disse que elas estavam acontecendo em Cabo Frio, a divulgação da cidade pelos artistas da novela (Claudia Raia postou várias fotos e vídeos nos stories do Instagram mostrando que estava gravando em Cabo Frio e que estava malhando numa academia da cidade), a exigência de utilização de mão obra local (foram cerca de 200 figurantes, todos de Cabo Frio), além da ocupação de dois hotéis, contratação de serviços de táxi-marítimo e de transfers, movimentação nos restaurantes da cidade, entre outros benefícios. Logo depois tivemos uma empresa multinacional fazendo um catálogo de moda em Cabo Frio, e como contrapartida ela doou um equipamento de trabalho para nossa Secretaria. Ou seja, não podemos interferir no roteiro da obra de ficção, mas estamos criando regras e exigindo que eles deixem contrapartidas – explicou Radamés.