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Crônicas da Mudança – Parte 1

Filipe Rangel e Luis Gurgel escrevem sobre a transição da Folha

29 julho 2016 - 21h13
Crônicas da Mudança – Parte 1

A Folha está de malas prontas. A partir desta segunda-feira (1º), vai passar a funcionar no centro da cidade, deixando para trás a sede do Parque Central, onde ficou por três anos. Quatro colaboradores do jornal escreveram pequenas crônicas sobre essa transição. Confira, hoje, a primeira parte, com textos do editor-chefe Filipe Rangel e do diagramador Luis Gurgel:

Casa Vazia Por Filipe Rangel

Às vezes penso que as paredes que vejo – a ordem física das coisas – são construídas pelo que se passa na minha cabeça.

Em meu primeiro dia na Folha, esperando para ser entrevistado para uma vaga de estágio, eu estava tímido. Tímido também era o ambiente – a salinha da recepção na nossa última sede, na Roberto Silveira, um cômodo de três por cinco com duas poltronas, uma mesa e uma recepcionista.

Fui contratado, virei repórter e o infinito universo que é um jornal expandiu-se na minha cabeça, nos meus hábitos, e o espaço físico pareceu expandir junto. Tudo ficou maior: a redação, para mim, era um enorme retângulo que começava na mesa da chefe de reportagem e terminava, a horas de distância, na da diagramadora – o mesmo percurso do jornal. Havia o barulho, o estalar das teclas, a agitação ao telefone, as notas de preocupação com a hora – que não emitem som, mas são ouvíveis em meio ao silêncio tenso –, e o esperado anúncio final: “pessoal, fechamos!”.

Foi esse mundo que carregamos em caixas quando nos mudamos para a rua de trás. Trouxemos fotos, arquivos, computadores, cadeiras, mesas, disquetes, caixas de clipses e grampos, quadros, televisores, geladeiras, pastas, troféus, câmeras fotográficas. Memórias, risadas, sensações de desespero e pressa, o hábito de lanchar sempre na mesma padaria, lembranças do vendaval que lambeu parte da janela e inundou computadores e arquivos.

Carregamos tudo com nossas mãos. 

Então chegamos aqui, a espaçosa casa que foi enchida com esses objetos e sentimentos. E então a mesma impressão retorna: agora, enquanto esvazio o baú das lembranças para escrever essas linhas, a casa me segue e se esvazia também, tão pronta para mudar quanto eu.

Essência da Folha Por Luis Gurgel

Quando me pediram para ocupar este espaço, hoje, confesso que fiquei um pouco apreensivo sobre o que iria escrever. Afinal, de todos os que estampam esta página, sou o que menos tempo tem de casa no total.

No entanto, neste momento, enquanto digito as primeiras palavras deste depoimento, percebo que não é muito complicado falar sobre a Folha. Seja na minha primeira – e breve – passagem como estagiário, seja nesta nova aventura, que já leva um ano e meio, agora como diagramador, há uma constante que parece nortear os nossos dias: aqui, além de um trabalho, encontramos também profissionais que se tornam uma espécie de família. Claro, nem sempre concordamos em tudo, às vezes batemos cabeça, mas é impossível lembrar-me de um dia que tenha adentrado pelas portas desta redação e não tenha saído daqui sem dar algumas boas risadas com os meus colegas, não, amigos de trabalho. 

É nesse ritmo que, diariamente, travamos uma dura batalha para levar às bancas um produto do qual nos orgulhamos, com informação de qualidade, sim, mas, mais do que isso, um produto que reflete este espírito de camaradagem existente e que é único à Folha.

Agora, no Centro, inicia-se uma nova era. Apesar do pouco tempo de casa, esta já será a terceira redação diferente da Folha pela qual passarei. Um novo espaço traz novos desafios, responsabilidades e mudanças no cotidiano, além de uma natural apreensão. Contudo, ao mesmo tempo, me tranquiliza saber que, seja no Parque Central, seja no Centro, seja onde for, a essência da Folha permanece. Graças a essa certeza, partimos, então, rumo a este novo capítulo de uma história que já tem 26 anos. E que venham muitos mais!