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​Atropelando o preconceito

Atropelando o preconceito

Personalidades analisam as dificuldades e acreditam em mudanças

09 março 2016 - 11h17
Atropelando o preconceito

Para a delegada Cláuda, titular da Deam Cabo Frio, é preciso "mudar mentalidades" – Foto: Arquivo Folha

 

Passados 106 anos da instituição do Dia Internacional da Mulher, celebrado hoje, as mulheres do século XXI ainda se veem às voltas com velhos tabus. Machismo e dificuldades no mercado de trabalho, tanto em relação à diferença salarial para mesmos cargos quanto à incipiente participação em áreas ainda essencialmente masculinas, como política e segurança, são alguns dos dilemas. Ainda assim, mulheres atuantes na Região dos Lagos falam sobre as conquistas e os principais obstáculos enfrentados, mas garantem manter o otimismo quanto ao futuro.

Em uma das áreas com maior participação masculina, a segurança pública, uma mulher se sente muito confortável: a comandante da Guarda Municipal de Arraial Zeilda Cabral Fernandes, a Branca, que, depois de 16 anos foi alçada, há dois meses, ao posto de comandante da corporação. Ela é a primeira mulher no município a estar à frente da unidade. E encara o desafio com muita naturalidade.

– Sempre tive interesse pela segurança e nenhum medo ou dificuldade. Gosto de estar nas ruas, na ação. No início achei que haveria desconforto ou respeito menor por eu ser mulher, mas isso não acontece. Sei que muitas enfrentam outra realidade e torço para que as mulheres tenham mais liberdade e respeito para atuarem onde quiserem – afirmou Branca.
Na mesma seara, a delegada Cláudia Faissal, titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), acredita que a mudança deve ser cultural.

– A data deve ser lembrada pelas lutas que a mulher teve que enfrentar para encontrar o lugar na sociedade. Minha maior dificuldade foi ser aceita no meio policial. A mulher ainda tem salários inferiores e a violência contra a mulher ainda é uma realidade. As leis são importantes, mas precisamos mesmo é mudar as mentalidades – reflete.

Outro exemplo da região é a filantropa Joelma Fidalgo, que desde os nove anos de idade milita na causa e já presenciou situações de violência. Por sua militância, ela foi homenageada pela Câmara Municipal de Vereadores de Cabo Frio, em 2011, com a criação de Diploma e Medalha Joelma Pereira Fidalgo. A distinção era ofertada, anualmente, a 34 mulheres pela Casa Legislativa. Para ela, falta amor e respeito às mulheres por parte dos homens.

– A filantropia é o que amo fazer. Não recebo salário, apenas pratico o que Jesus ensinou: amar o próximo. É o que falta, além de respeito, às mulheres. São vitais para a sociedade, mas não são reconhecidas: nem em casa, nem no trabalho. E ainda encaram a violência. Quantas apanham e não falam nada, por vergonha? – questionou.