ALEXANDRE FILHO
Participar de uma Copa do Mundo ou de uma edição dos Jogos Olímpicos é o sonho de qualquer atleta. Esse é exatamente o sentimento do ciclista cabofriense Marcus Vinícius, de 40 anos, que, após completar todo o circuito de provas de ciclismo endurance do Audax Club Parisien, está classificado e terá a oportunidade de disputar a Paris-Brest-Paris, prova de 1200km que é realizada de quatro em quatro anos pela entidade com a participação de atletas do mundo todo.
– Estar classificado para Paris é um sonho que estou realizando. Eu vi alguns filmes sobre o evento, e diferente daqui, o ciclismo lá é tratado como esporte. As cidades se preparam para receber os competidores. Quando eu cruzei a barreira dos 1000km, não vi ninguém ao meu lado, então dei um grito e falei para mim mesmo que estou pronto para esse desafio – disse Marcus.
Para se classificar para a prova na França, que ocorrerá em agosto de 2019, o ciclista teve que disputar todas as provas do circuito da organização – 200km, 300km, 400km, 600km, e 1000km – sendo a última nesse fim de semana, com largada no Rio de Janeiro e que percorreu três estados em três dias.
As provas do circuito Audax Club são de longa distância, e o objetivo dos atletas é completar a prova dentro do limite, não havendo vencedores. “Diferente de outras provas de ciclismo, é um evento de superação pessoal (...) O circuito Audax é diferente. Nós brigamos contra o relógio e contra o terreno, não disputamos com o outro, pois não existe adversário direto”, explicou.
Após completar a prova do último fim de semana em 75h, o ciclista descansará por um curto período e já iniciará os treinamentos de forma intensiva pensando no próximo desafio que terá pela frente. Em seu segundo ano de competição apenas, ele agora manterá o trabalho no pilates e na academia, além de contar com o apoio de uma nutricionista e de um preparador especializado em atletas do ciclismo para chegar em sua melhor forma na França.
– Vai mudar de forma radical. Vou manter meus treinos de 70km e em volta da Lagoa de Araruama, mas pela primeira vez vou passar a ter uma acompanhamento profissional voltado para o ciclismo com o Sandro Legey. Ele vai me dar planilhas para seguir e rotina de treinos que eu vou ser obrigado a cumprir e entregar resultados. A partir daí ele vai apontar onde eu tenho que melhorar – explicou.
Porém, além de todos os treinos e provas que fazem parte do trabalho de preparação, o caminho até a viagem para Paris ainda terá mais desafios. Sem patrocínio e apenas com apoio de alguns comerciantes locais, Marcus terá que contar com a ajuda de amigos para tentar levantar parte do dinheiro para a viagem.
– Infelizmente no ciclismo amador, quem pratica tem que se virar com meios próprios, não existe apoio com inscrição, logística de transporte nem nada. Para essa viagem vou realizar ações entre amigos, como rifas, para tentar diminuir no custo da viagem, e o resto do dinheiro vou juntar e bancar do próprio bolso. Porque infelizmente não existe uma cultura de patrocínio da região – declarou.
