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EU QUERO TEATRO

Nelson Freitas, Oscar Magrini e artistas locais se unem à campanha da Folha

Novas pendências com relação ao Projeto de Segurança Contra Incêndio e Pânico seguem atrasando a reabertura do Teatro Municipal

20 abril 2023 - 19h50Por Cristiane Zotich
Nelson Freitas, Oscar Magrini e artistas locais se unem à campanha da Folha

Lançada no fim de semana pela Folha dos Lagos, a campanha #euqueroteatro, que pede a reabertura do Teatro Municipal Inah de Azevedo Mureb, em Cabo Frio, ganhou apoios importantes ao longo da semana. Além de atores, diretores, produtores, dançarinos, músicos e outros profissionais locais ligados à cultura, a luta também ganhou a adesão dos atores Nelson Freitas e Oscar Magrini.

– Tô sabendo que existe um esforço para trazer de volta o Teatro Municipal de Cabo Frio. Eu sou um dos maiores apoiadores, até porque eu comecei praticamente a minha carreira solo lá no teatro, como disse muito bem o Olavo Carvalho, que estendeu o tapete vermelho para mim. Eu acho esse teatro uma graça. Então, por favor, vamos valorizar a cultura da Região dos Lagos. Vamos valorizar o teatro. E vamos fazer com que o Teatro Municipal de Cabo Frio seja reaberto. Conto com vocês, e vocês podem contar comigo. Estamos juntos – disse Nelson Freitas em vídeo enviado à Folha na terça-feira (18).

Na quarta (19) quem enviou vídeo para a campanha #euqueroteatro foi Oscar Magrini.

– O teatro de Cabo Frio é um grande teatro. Olavo Carvalho, meu amigo, já me levou aí, e fiz duas apresentações. É um teatro fantástico. Cabo Frio tem um teatro maravilhoso, e eu quero esse teatro aberto – pediu o ator.

Nelson Freitas protagonizou recentemente o longa “Eike – Tudo ou Nada”, e tem no currículo participação em novelas como “Partido Alto” (Globo, 1984), Chiquititas” (SBT, 1997), “Rainha da Sucata” (Globo, 1990), “Felicidade” (Globo, 1991), “Malhação” (Globo, 1999), “Uga Uga” (Globo, 2000), entre outras, além do humorístico “Zorra Total”. Já Oscar Magrini está na reprise da novela “O Rei do Gado”, na Rede Globo, onde também já atuou em outros trabalhos como “Mulheres de Areia” (1993) e “Torre de Babel” (1998). Fora da Globo, fez as novelas “Marcas da Paixão” (Record, 2000), “Canavial de Paixões” (SBT, 2003) e “Gênesis” (Record, 2021), além dos filmes filme “Perfume de Gardênia” (1992), “Carandiru” (2003), “Didi, o Cupido Trapalhão” (2003), “Vai que Cola” (2015), “Os Praças” (2017), entre outros.

Citado pelos dois artistas, o produtor cultural Olavo Carvalho foi um dos primeiros a demonstrar apoio à campanha #euqueroteatro. Em depoimento enviado à Folha, ele contou a experiência que teve, junto com Nelson Freitas, no espaço cultural de Cabo Frio.

– Ele já era um cara consagrado, mas ainda não havia experimentado um stand up. Eu o convenci de fazer esse stand up no Teatro Municipal de Cabo Frio. Nós sentamos num bar, fizemos um roteiro, tudo improvisado, com músicas, com piadas, com contos, e o Nelsinho foi lá e ficou quase três horas no palco, para nosso espanto. A plateia não queria o deixar sair do palco. Aí ele sentiu que tinha força e poder para estar no palco sozinho. Então, vamos reabrir o Teatro Municipal de Cabo Frio para que outros atores possam ter o privilégio de subir naquele palco. A arte agradece – afirmou Olavo.

Além de Olavo, o também produtor cultural Lucas Muller foi outro que abraçou a campanha, e disse que quer a reabertura do Teatro Municipal de Cabo Frio porque ele “gera emprego e renda para a cidade”, lembrando que “o lúdico e a cultura alimentam a alma das pessoas”.

– Já tem três gestões, e até hoje o teatro continua fechado. Já passou de a gente conseguir reabri-lo.

O professor de dança Allan Lobato enviou um vídeo em que questiona: “Cadê o nosso teatro?”

– Eu estou aqui para também participar e dizer que eu também quero o teatro. Nós precisamos do teatro. As pessoas querem muito o teatro de volta. Então, por favor, abracem essa campanha: #euqueroteatro.

EX-SECRETÁRIOS DE CULTURA TAMBÉM PEDEM REABERTURA

O ator, diretor teatral, escritor e secretário de Cultura de 2013 a 2016 José Facury chamou a atenção para o fato de que há seis anos Cabo Frio não tem um espaço público para promover teatro, espetáculo de dança, de música, discussões científicas e culturais e oficinas de várias áreas.

– Nós estamos há seis anos com o teatro fechado. É preciso que as autoridades do município arregacem as mangas e resolvam todos os problemas possíveis, porque uma obra que está demorando seis anos é um absurdo.

Meri Damaceno, memorialista, escritora e secretária de Cultura entre setembro de 2018 e junho de 2019, também aderiu à campanha:

– Eu quero teatro. Acho que todos nós queremos teatro. Não dá mais pra ficar sem teatro. O teatro de Cabo Frio tem que retornar, temos que tomar posse do que é nosso. E o teatro é nosso. Queremos o teatro agora, sempre, pra sempre. Ficamos um século esperando pelo teatro, e agora nós temos o teatro, mas na verdade não temos teatro, porque ele vive de portas fechadas há muito tempo. Nós queremos o teatro, precisamos do teatro, e viva o teatro.

Também enviaram vídeos de adesão à campanha #euqueroteatro os atores Max Magalhães e Silvana Lima, os músicos Júnior Carriço e Azul Cazu e a produtora cultural Marilac.

ENTENDA A HISTÓRIA

Inaugu­rado em 14 de agosto de 1997, no governo do ex-prefeito Alair Corrêa, o Teatro Municipal Inah de Azevedo Mureb foi aberto ao público com um espetáculo da atriz Nathalia Timberg. O espaço funcionou por quase 20 anos até ser fechado em janeiro de 2017 pelo prefeito Marquinho Mendes devido a problemas estruturais. Em agosto de 2018, quando assumiu a prefeitura após uma eleição suplementar, o ex-prefeito Adriano Moreno pediu uma vistoria técnica no prédio (feita por engenheiros) e, posteriormente, uma inspeção pelo Corpo de Bombeiros (18º GBM), com o objetivo de garantir a segurança dos trabalhadores e do público.

Como resultado, houve uma nova interdição do prédio para atividades abertas ao público: os laudos apontaram para o não cumprimento de uma série de normas técnicas do Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico, entre eles a não adequação da circulação de público (acessibilidade); problemas com as saídas de emergência; extintores de incêndio com data de validade vencida; falta de iluminação de emergência com luminotécnica específica; redes internas de iluminação e força mal instaladas e aparentes, denotando situação de risco; ferragens das portas de emergência não apropriadas para situações de pânico; portas empenadas e maçanetas quebradas com trincos e fechaduras soltas, comprometendo a segurança do prédio contra invasões; e banheiros para pessoas com deficiência incompleto, sem o equipamento adequado.

O processo de adequação das normas chegou a ser iniciado em 2019 pela então secretária de Cultura, Meri Damaceno, que deixou o governo em junho do mesmo ano, após ser substituída pelo cineasta Milton Alencar. Assim que assumiu, Milton deu entrevista à Folha informando que uma de suas prioridades seria a reabertura do Teatro Municipal.

– Não entendo como é que fica fechado. Não sei por que está fechado. Fui fazer uma verificação, já era para estar aberto, não entendo nem por que fechou. O teatro foi inaugurado na minha gestão, foi a primeira grande conquista do Conselho Municipal de Cultura. Não entendo como está fechado há um ano, só se ele estivesse caído, e não é o caso. Acho que a comunidade não merece o teatro fechado durante o ano. Sobre a luz, estou tentando solucionar de maneira técnica e profissional, mas ainda não tive resultados práticos. A obra não está parada, a parte de dentro está levantada. Há uma exigência do Corpo de Bombeiros, sobre o espaço entre as cadeiras, que diminui pela metade a lotação do teatro – disse ele que, na época, não quis dar um prazo para a reabertura do espaço “porque posso ser cobrado depois”.

Em agosto de 2022, às vésperas do aniversário de 25 anos do prédio, o governo do atual prefeito, José Bonifácio, anunciou que a prefeitura havia iniciado, mais uma vez, uma das etapas necessárias para a reabertura do espaço: as atualizações nas Normas de Combate a Incêndio. No entanto, oito meses depois, o processo ainda não foi concluído. Após insistentes questionamentos, o governo informou à Folha, no último dia 12, que o projeto, protocolado para aprovação do Corpo de Bombeiros em novembro do ano passado vem caindo em constantes pendências que vão adiar, mais uma vez, o sonho de artistas e moradores em ter o espaço novamente aberto ao público: a data prevista passou do primeiro para o segundo semestre deste ano.