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PIONEIRISMO

Documentário sobre origens do movimento LGBT em Cabo Frio será lançado nesta quarta-feira (25)

Filme que trata da trajetória do bar Point 44 e de seu fundador David Araújo será exibido no IFF de Cabo Frio, a partir das 18h40

25 maio 2022 - 12h08Por Rodrigo Branco

A história de um espaço que foi seminal na luta pelos direitos da população LGBTQIA+ em Cabo Frio é o tema do documentário ‘Sou Point 44, Amor – Um Arco-Íris Multicor’, do cineasta Márcio Paixão, que tem lançamento marcado para esta quarta-feira (25), a partir das 18h40, no auditório do bloco A do IFF de Cabo Frio. Após a exibição do curta, que tem duração de 20 minutos, será realizado um debate sobre o tema.

A sessão no IFF será a primeira de uma série de três exibições gratuitas de lançamento. Nesta sexta-feira (27), o filme será apresentado no Charitas, no Centro, a partir das 19h. No sábado (28), é a vez da Praça de São Cristóvão receber a exibição do trabalho, que teve a duração de cinco meses entre pesquisa, produção e finalização. A realização da obra foi financiada com recursos da Lei Aldir Blanc.

O diretor tem a ambição de levar o documentário para festivais no Brasil e no mundo. Tudo para dar visibilidade à história do primeiro bar direcionado para o público LBGTQIA+ da cidade, que funcionou no bairro do Guarani entre 1995 e 2009, ano em que o fundador, David Araújo, foi assassinado. Ao longo do tempo em permaneceu na ativa, o Point 44 se transformou em boate; em bloco de Carnaval e em escola de samba, esta considerada a primeira do país para o segmento. Para dar a dimensão do pioneirismo de David e do Point 44, o bloco desfilou pela primeira vez em 1996, um ano antes da edição inicial da Parada do Orgulho Gay de São Paulo.

– O Point 44 foi um espaço de acolhimento, afeto, lutas e conquistas de direitos para a população LGBTQI+ de Cabo Frio. Esse filme tem a sua matriz impressa nas minhas memórias enquanto pré-adolescente. Lembro de assistir o desfile de 2002 do Point 44 na TV local e ouvir comentários homofóbicos e risadas jocosas entre amigos e familiares que estavam comigo. Só mais pra frente fui entender que isso me afetava justamente pelo fato de eu também ser uma pessoa LGBTQIA+. Então, no momento que surgiu a oportunidade de produzir um projeto com algum recurso financeiro me veio à cabeça a história do David Araújo e do Point 44. Foi a forma que encontrei de dar visibilidade e reconhecimento aos meus pares – explica o diretor, que na produção intercalou depoimentos com imagens de arquivo. 

Ao longo de duas semanas, foram entrevistadas personalidades do Carnaval da cidade, como João Félix e Nilma de Oliveira, bem como Peteca e Raquel Glamurosa, amigas de David Araújo, que o diretor considera ter dado início ao movimento LGBTQIA+ em Cabo Frio. 

No filme, Márcio Paixão destaca ainda a importância do Point 44 como espaço de organização política, com a realização de palestras e debates sobre questões de gênero e sexualidade, tornando–o um lugar de resistência e pioneirismo. Posteriormente, com a transformação em bloco e escola de samba, a luta ganhou maior visibilidade.

– Além de ser uma obra artística, este filme é um documento histórico da luta política do movimento LGBTQIA+ da cidade. Ela é essencial para que nós pessoas LGBTQIA+ tenhamos noção dos que vieram antes de nós e abriram os caminhos, mas também é extremamente necessário para as pessoas que não são LGBTQIA+ pois aborda noções de cidadania e Direitos Humanos. É um filme que aborda as conquistas, afetos e lutas de um grupo totalmente apagado da história política da cidade, e quando lembrados estão sempre circunscritos pelo estigma e preconceito. Então essa foi a forma que encontrei para dar o protagonismo devido a essas pessoas tão incríveis como o David e suas amigas Peteca e Raquel – conclui.